Em vida, tudo acontece de forma imprevisível, e elas já sabiam disso, qualquer um sabe. Porém, se alguém as dissessem que depois de lutarem em lados opostos numa guerra, uma russa treinada para matar e uma sokoviana com poderes telepatas iriam se unir para assistir uma comédia romântica enquanto se envolvem uma na outra, então elas diriam que foi a coisa mais fantasiosa que já ouviram. Mas a vida não é tão distante da fantasia, em ambos universos, coisas incríveis e aterrorizantes acontecem todo o tempo.
Lá no fundo, Natasha não sabia distinguir se algo incrível ou aterrorizante estava acontecendo com ela quando se tratava de Wanda. Parecia ser os dois. No entanto, isso não a preocupou por tanto tempo. Como poderia quando estava na proteção de seu apartamento, vendo um filme clichê em sua tv e com uma linda sokoviana com a alma mais pura que já conheceu rodeando o seu corpo como um imenso travesseiro? Sua única preocupação era não embolar o cabelo da mais nova com o cafuné que estava fazendo.
— …Assim eu vou acabar dormindo. — Avisou com a voz arrastada, revelando como o carinho estava deixando-a mole. A posição ainda era a mesma, a vasilha de pipoca estava no outro lado de Natasha, assim a morena poderia alcançá-la usando o seu braço. Já eram as pipocas finais, e o filme também estava caminhando para o fim.
— Desculpe — pediu sorrindo quando Wanda ergueu o rosto para ouvir sua resposta. Voltaram a prestar atenção no filme, e por instinto, a mais nova começou a retribuir o carinho mexendo seus dedos de cima a baixo na curva do corpo de Natasha, que mesmo não esperando, gostou. Ela estava acariciando a cicatriz do corte que ganhou na noite do atentado. — Você acha que ela volta? — Questionou sobre o que estavam vendo.
— Talvez não tão rápido. Acho tudo isso uma perda de tempo. — Reclamou sobre as ações dos personagens.
— Porquê? — Seu tom foi carinhoso, mesmo que existisse um fundo de confusão na mente da ruiva.
— Porque… — Fez um som frustrado com a boca. — É óbvio o que vou dizer, mas, eles se gostam e mesmo assim preferem criar problemas que não existem, quando poderiam ser sinceros e ficarem juntos. — Wanda debateu e Natasha não pode evitar rir carinhosamente, fazendo a outra olhá-la.
— Bom, os romances são, em sua maioria, assim. Existem pessoas cegas de amor e… — Remexeu os lábios, pensando. — Outras tão cegas que não percebem que amam. — Deu de ombros. Interessada na informação, Wanda levantou sua cabeça, desfazendo o contato da sua bochecha no busto de Natasha para encontrar o outro par de verde.
— …Você já amou alguém? — Uma pergunta complexa, mas a mulher não via problema em respondê-la. Wanda tinha sua atenção paciente na espiã, que olhava para os lados arquitetando suas palavras.
— Eu não sei o que é o amor romântico, como ele funciona… Então creio que não. — Comentou com a voz baixa, fazendo seu semblante parecer tristinho por um certo tempo. Esforçou um sorriso. — E você?
— Não. Não preciso nem pensar muito. — Forçou um riso frustrado. — Já beijei homens por aí, mas, acho que nunca cheguei a gostar de alguém de verdade. Quem dirá amar. — Natasha assentiu em entendimento. Retornaram ao silêncio avaliando o que disseram. — …O amor parece difícil.
— Parece. Mas eu acho que é por isso que é amor, não é? — Inclinou o rosto, dando um minúsculo sorriso. Sua pergunta foi feita sem muita certeza. Wanda ficou olhando-a, pensando junto com ela, e por alguns segundos a conversa foi para o fundo de sua mente, esquecida, porque estava distraída demais encarando a primeira Vingadora.
— É. — Concordou. Ficariam se encarando mais um pouco — como se encara uma paisagem que não muda, mas também não perde a essência — se não fosse o som do filme chamando atenção. Dessa vez, Wanda voltou à posição que estava pensando se deveria, pois só agora havia notado a proximidade incomum que tinham. Ficou sem jeito. Percebendo isso, Natasha silenciosamente a permitiu que continuasse assim, convidando-a para deitar a cabeça em sua clavícula. A morena se ajeitou lá sentindo um sorriso, que não foi visto pela outra, surgir teimosamente. — Sabe, era para as nossas posições estarem invertidas.
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Tudo Vermelho - Wantasha
FanfictionEntre paredes de concreto do seu atual "lar", Wanda Maximoff passava pela dor da perda de seu falecido irmão, Pietro Maximoff. Enquanto era orientada sobre sua nova rotina, descobre que sua treinadora seria ninguém mais ninguém menos que Natasha Rom...