Tudo Vermelho - Wantasha

Capítulo 12 - Terabítia

Músicas citadas

Fool's Paradise - Don McLean

Soldier, Poet, King - The Oh Hellos

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Natasha point of view

Eu estava amarrando os cavalos numa árvore próxima, Wanda estava sentada na grama com as mãos rodeando os joelhos. Dei um carinho rápido em Beauty antes de caminhar até ela. A vi remexer os pés e apoiar o queixo nos braços, seus olhos percorriam todos os pequenos detalhes da imensidão lá embaixo.

Passei meu cabelo para trás da orelha e me sentei ao lado dela, apoiando meu corpo para trás com os braços e cruzando minhas canelas esticadas. Ouvi o suspiro de satisfação dela com a vista.  Meus olhos estavam semiabertos com o impacto do vento, já Wanda parecia estar namorando a paisagem, o que me fez soltar um riso.

— O que foi? — perguntou inocente, como uma garotinha atenciosa. Fiquei observando sua expressão antes de respondê-la.

— Você aí. — Mantive os olhos nela, que negou sem jeito e encarou a grama sob nossos pés.

— Eu falei sério quando disse que nunca tinha visto algo assim. — Soltou um ar preso antes de continuar. — Na verdade, nunca vi nada igual ao que vi hoje.

Voltou à encarar a paisagem com um semblante vago, seu desabafo me fez olhar para o chão de forma pensativa.

— Tudo tem uma primeira vez, não é?

Ficamos em silêncio, ela franziu a testa e deixou a boca entreaberta, se preparando para dizer algo.

— Mas e você, hein? Tem alguma outra habilidade que esteja me ocultando além de cavalgar? — Deitou o rosto, me encarando.

— Bem... — Fitei minhas coxas e levantei uma sobrancelha para ela. — Eu já fiz ballet.

— Uma bailarina?! — disse surpresa erguendo a cabeça. — Uau. Vai dizer que, sei lá... Fala latim também.

Me mantive em um silêncio cúmplice, ela me encarou em descrença.

— Você fala latim?!

Seu tom de encanto me fez rir. Nunca achei que algo que aprendi por motivos sujos fosse despertar a admiração de alguém.

— Oculi tui sicut smaragdi. — Confessei, sabendo que ela não entenderia. Seu rosto era de completo choque.

— Ok, eu estou impressionada. — Num movimento lento, ela se deitou de costas para o chão deixando o cabelo tocar diretamente na grama. — Deita aí.

Pensei se aquilo era uma boa ideia, mas depois imitei seu gesto. Um grunhido de satisfação escapuliu da minha garganta quando meus músculos ficaram totalmente relaxados na grama fresca.

— Vou ter que lavar meu cabelo depois. — Minha afirmação a fez rir baixo.

— O seu pelo menos é curto. Vou ficar no mínimo uma hora catando capim da minha cabeça — Cruzou os braços, sorrindo. — Mas vale a pena.

— Vale. — Sorri, observando as nuvens acima. Algumas estavam totalmente brilhantes com o sol atravessando-as. — Mas não podemos demorar para voltar.

Ela soltou um suspiro chateado.

— Eu poderia ficar aqui para sempre.

Não precisei encará-la para saber que havia um fundo de tristeza nessa frase.