A Verdade é Soberana, parte 2

1.3K 88 65
                                    

— Quando eu disse que tinha um lugar seguro em mim, não significava precisar se colar ao meu corpo. — Informou, sua voz em tom grave como costumava ser.

Natasha estava de frente à pia lavando os utensílios que usaram para fazer pipoca enquanto Wanda, contrariando seu comentário sobre ajudar, abraçava a mulher por trás. Fez quando achou oportunidade. Seus braços rodeavam o abdômen e seu rosto estava deitado no cabelo ruivo. Natasha se movia enxaguando a louça e Wanda acompanhava o movimento por estar agarrada.

— É confortável. Estou… — Bocejou. Natasha sorriu com isso, “Como consegue ser fofa até bocejando?” Pensou. — Esperando você terminar.

— Por que não vai deitar, hm? Eu ainda preciso resolver detalhes da próxima missão. — Enxugou as mãos com o pano de prato e virou-se para a garota, que ficou com as mãos rodeando as costas da mulher. Wanda tinha uma cara de cansaço, mas parecia grata pelo dia que teve. — Se quiser, pode tomar um banho para descansar melhor.

— Está bem, eu vou. Não demore. — Quando disse a última frase, percebeu que estava se incluindo no quarto de Natasha. Olhou-a por alguns segundos, sentindo-se perdida, antes de completar. — Hm… Nós vamos dormir no seu quarto?

— Se quiser… — Afirmou sem pensar muito, já que estavam acostumadas com isso. Percebeu a expressão ligeiramente distante de Wanda. — Algum problema? — Questionou. Seus olhos desceram para o pescoço da morena, onde havia uma vermelhidão quase invisível. Sorriu internamente pelo feito.

— N-Não, nenhum.

— Ok. — Se inclinou para deixar um beijo na bochecha, quase na mandíbula. Assim que sentiu, a garota jurou que poderia desmontar ali como LEGO. Bateram os olhos e a vermelhidão no rosto de Wanda foi percebida por ambas. Natasha sorriu entretida.

— Desculpe, ainda não me acostumei. — Se referiu à surpresa nítida em sua pele.

— Eu também não.

De fato. Era a situação mais aleatória e óbvia para elas. A todo momento, sem sequer perceber, cultivaram um sentimento que poderia resultar em apenas uma coisa; atração. Atração, “gostar”, foram as denominações que acharam para o que tinham, pois, do mesmo jeito que Natasha não sabia o que era amor, Wanda também não.

— Isso é tão… inesperado. Quero dizer, não que seja ruim. Mas desde que me viu, você imaginou que em algum momento nós fôssemos…?

— Nos beijar? — Completou. Wanda assentiu timidamente. — Sendo sincera, jamais passou pela minha cabeça. — A garota tinha uma expressão de quem pensava o mesmo. Natasha se afundou nas memórias que tiveram juntas, e uma, sua preferida, governou sua mente. — Mas… Você lembra de quando cantou “Vincent” para mim?

Wanda abriu um sorriso iluminado.

— E como eu poderia esquecer? Eu estava completamente sem jeito com você me observando.
— disse, e ambas riram.

— Naquela noite, tive a impressão de que as coisas mudariam entre a gente.

— De um jeito bom? — Seus olhos brilhavam. De certa forma, era de um jeito bom, mas naquele passado momento apenas deixou a antiga Natasha preocupada. Não queria ser amiga de Wanda, não queria se importar com ela. Contudo, olhando o rosto da garota, que ainda tinha resquícios de seu estilo emo, não conseguia agradecer mais por se importar com ela.

Tudo Vermelho - WantashaOnde histórias criam vida. Descubra agora