Capítulo 04 - Yelena

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Natasha point of view

— Não! Nat! — Ouvi ela me chamar em meio àquela multidão. Estava noite, mas eu conseguia vê-la sendo puxada por homens armados. Era a Sala Vermelha. Ela havia voltado para me assombrar, e dessa vez, minha irmã foi levada também.

— Pega!... Pega! — Entreguei nossas fotos a ela. Não sabia o que iria acontecer conosco. Queria que se lembrasse de mim, de nós.

De repente, o cenário mudou. Eu estava acorrentada numa cadeira, em um espaço escuro e estranhamente familiar. Uma mulher loira se aproximou de mim. Eu não conseguia identificar seu rosto, estava tudo turvo e me eu sentia debilitada, cansada.

— O que você quer? — perguntei forçadamente. A vi se aproximar e agachar na minha frente. Ela tinha um semblante sério e olhos claros, como se estivesse lendo a minha alma ao mesmo tempo que não tivesse uma.

— Não deveria ter me deixado sozinha.

Acordei num sobressalto, sentando-me na cama. Me senti ofegante e quente. Merda. Passei meu cabelo para trás das orelhas e esfreguei um pouco os olhos. Olhei para cima, soltando um suspiro.

Acho que está um pouco tarde para ter pesadelos com a SV.

Olhei para o lado e o relógio marcava cinco e dez da manhã. Lembrei dos afazeres de hoje e fui ao banheiro para tentar começar o dia. Me abaixei para molhar o rosto, e quando levantei a cabeça, não pude evitar me encarar no espelho. Passei o dedo de baixo dos olhos. Eles estavam tão... opacos. Olhei para o meu pescoço e minha correntinha estava torta. Trouxe o pingente de flecha para o centro novamente.

Está tudo certo, Natasha. Você está ótima.

(...)

Que cara de morte é essa? — Eu estava tomando água na cozinha, encarando um ponto fixo, quando ouvi James chegar.

— Achei que a minha cara já fosse "cara de morte".

— Ressaca? — perguntou, abrindo a geladeira para pegar alguns ovos.

— Por aí. — Era melhor que ele não pensasse que, na verdade, eu estava de camarote em meus sonhos revivendo o meu passado nada incrível. — Escuta, se ver a Wanda por aí, diga que já estou esperando por ela. Vou preparar a sala.

— Pode deixar. Sabe onde é que tá a frigideira?

— Tem uma no armário de cima, porta direita.

Segui para a sala de treinamento. Eu já havia me alimentado e estava adequadamente vestida com top esportivo e calça de malha. Enquanto a garota não chegava, aproveitei para aquecer, desferindo alguns socos e chutes no saco de box. Direita, esquerda, e chutem. Repeti essa sequência por uns cinco minutos, que foram o suficiente para resquícios do sonho que tive começarem a surgir. Yelena... Os soldados, a foto e aquela mulher. Tudo isso estava me intrigando, e só percebi que me afundei em pensamentos quando estava acelerando meus movimentos, descontando no objeto.

"Nat!"

— Ah! — Deixei um grito sair quando dei o último chute do saco, fazendo-o subir alto. Suspirei ofegante, encarando-o.

Espero que não esteja me imaginando nesse saco. — Ouvi sua voz e virei meu rosto. Ela havia chegado. Estava com um rabo de cavalo, top esportivo, blusa de alça transparente e solta. Também calça de malha.

— Ah, oi. — Me recompus e peguei o saco de box para pará-lo. — Bom dia.

— Bom dia. Está tudo bem? — perguntou, se aproximando de mim com as mãos na cintura.

Tudo Vermelho - WantashaOnde histórias criam vida. Descubra agora