Por algum milagre, Natasha nunca teve problema com miopia, mesmo trabalhando direto em computadores. A parte técnica de um plano era sua função. Abria portas travadas, afastava seguranças, persuadia rapazes com sua beleza e os eletrocutava logo em seguida. Tudo silenciosamente.
Estava na Sala de Escritório tomando conhecimento de todos os cantos de onde ocorreria a grande festa. Todas as saídas e entradas, andares, escadas, salas, tudo o que pudesse vir a ser uma inconveniência. Estava olhando até mais que o necessário, e talvez fosse porque Wanda estaria com ela.
— Toc-toc. — Alguém imita o som enquanto adentra, tirando a atenção da mulher do holograma. Natasha levanta sua cara fechada para a porta, e quando vê quem é, relaxa a expressão. — Oi.
Ela estava usando seu vestido preto com barra que balançava em suas coxas pálidas e fazia os olhos de Natasha acompanhar o movimento, como se estivesse observando um relógio de hipnose. No entanto, ela disfarçou o efeito, direcionando seu olhar apenas na feição e mãos da moça, que segurava dois pires com xícaras de chá. Um sorriso transformou o rosto de Natasha.
— Steve disse que eu te encontraria aqui. — Wanda ainda não conseguia disfarçar seu sotaque. Em momentos assim, no final do dia, o cansaço conseguia ser grande, e o esforço de se adaptar, menor. Encostou a porta com o pé. — E porquê não manter o costume?
Deu um sorriso tímido, Natasha imitou. Era uma preciosidade a forma que agiam perto uma da outra, como se ainda estivessem na fase de flerte. O coração de Wanda disparou quando ela se inseriu no escritório. Já Natasha, teve todos os vestígios de concentração, preocupação e angústia, varridos.
— Estava mesmo precisando de um bom chá. — Revelou enquanto Maximoff caminhava até a mesa, equilibrando os recipientes.
A mulher deu uma ótima espreguiçada na cadeira, o que tirou um sorriso da outra. Quando foi por sua mão na alça da xícara, esbarrou na da garota e algo se retraiu dentro de ambas. Os dedos se afastaram sem jeito, envergonhados. O calor vindo dos corações subiu para os pares de bochecha. Tudo isso porque esbarraram os dedos, como se não tivessem passado disso.
— Obrigada. — Agradeceu com um fiasco de voz, apenas gesticulando os lábios. Estava mexida com o que acabara de acontecer.
Wanda não ficou diferente, mexeu nervosamente na barra do próprio vestido. Natasha indicou com a cabeça para que ela puxasse a outra cadeira vazia e se sentasse na frente dela, como costumavam fazer. Depois disso, o vapor das bebidas ficou entre elas.
— Queria te dar um beijo agora. — Natasha cortou o clima relaxante com a primeira coisa que surgiu em sua mente. Wanda riu sem emitir som, enfiando seu dedo na alça da xícara.
— Não vai me dar?... — Fingiu um tom tristonho. Natasha olhou tentada para ela e depois para a porta.
— Alguém pode entrar, ainda está cedo. — Explicou-se, e se contentou com apenas apoiar o rosto no queixo, como a garota fazia. — É uma pena que você não consiga sentir todos da equipe. Conseguiria me avisar se tivesse alguém por perto.
Wanda deu um sorriso de soslaio, encarando o fundo do chá. Seus lábios ficaram ainda mais puxados quando sentiu uma quentura vinda do corpo de Natasha. Estava sentindo-a. Essa era uma parte dos seus poderes que não tinha controle algum, e gostava que fosse involuntário.
— Eu nunca te perguntei antes… — Chamou a atenção de Wanda com sua voz tímida. — Como faz isso?
— Bem… Eu não sei, exatamente. Passamos muito tempo juntas e isso foi acontecendo algumas vezes, mas eu nunca descobri a razão exata, o que significava. — Um silêncio compreensivo reinou entre elas. Natasha sabia que ela só estava pensando em algo para completar. — Acho que agora eu sei.
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Tudo Vermelho - Wantasha
FanfictionEntre paredes de concreto do seu atual "lar", Wanda Maximoff passava pela dor da perda de seu falecido irmão, Pietro Maximoff. Enquanto era orientada sobre sua nova rotina, descobre que sua treinadora seria ninguém mais ninguém menos que Natasha Rom...