Capítulo 16 - Balas Soviéticas

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Wanda point of view

Depois que tudo ficou pronto, fomos tomar banho para jantar limpas, eu acabei atrasando no chuveiro por sentir as pontadas da cólica incomodarem. Fiquei na bancada observando Natasha dominar a cozinha, ela dava as costas preparando os nossos pratos e eu a acompanhava com um olhar atencioso. Minha mão apoiava um lado do meu rosto, minhas pernas estavam cansadas e meu útero estava revirando.

— Tudo bem?

Com as pálpebras meio caídas, eu levei meus olhos aos dela.

— Não muito.

Se aproximou com dois pratos de feijão, vagem, bife e batatas cozidas. Eu ergui melhor meu tronco na cadeira.

— Ainda não fez efeito?

— Acho que o fato de eu ter sido exposta à todo tipo de substância esteja atrasando. — Coloquei um garfo no prato e sorri agradecida. — Obrigada.

Ela devolveu o sorriso, se sentando do outro lado para jantar comigo. Encostou a cabeça na mão assim como eu tinha feito antes e começou a comer resguardada. Os pontos da sua testa já haviam caído, senti meus lábios formarem um sorriso de canto ao perceber. Não trocamos nenhuma palavra durante a refeição, mesmo que estivéssemos confortável. Natasha estava tão quietinha ali que pude observá-la sem me preocupar que notasse.

Seu nariz era sempre tão... bonito assim? O colar que usa é charmoso (Com certeza é sobre o Clint). Quando sorri, seus lábios ficam redondinhos como uma maçã, além de ter bochechas rosadas quando está à flor da pele. O que senti acontecer em nosso primeiro encontro no quarto, senti acontecer de novo: minha perspectiva sobre Natasha mudando.

— O que foi? — Ergueu seu rosto, ainda apoiado, com um semblante angelical. Sua feição inocente não fazia ideia sobre o que eu estava pensando. E... Deus, ela parecia estar brilhando.

Um dia contei que nunca me sentiria num lar de verdade outra vez, mas olhando dentro desses olhos que dançavam como uma aurora boreal, eu pude ver a possibilidade de estar errada.

— Nada.

(...)

Minha mão pousou no ventre enquanto fiquei deitada na minha cama. Digo, na do quarto de hóspedes. Não iria resolver, mas deixar aquele contato ali me confortava de algum jeito. Natasha me acompanhou até o quarto e deu uma saída avisando que voltaria com algo, mas estava demorando.

— Ei. — Ouvi sua voz quando eu já estava cochilando.

— Oi — respondi. A vi encostando a porta e caminhando até mim com algo, que não consegui identificar, nas mãos, depois sentou-se na cama. — O que é isso?

— É uma bolsa de água morna, para colocar na sua barriga e amenizar a dor.

Me deitei de barriga para cima e ajeitei minha cabeça no travesseiro, ela esperava que eu estivesse confortável para entregar o objeto. Suspendi minha blusa deixando a parte dolorida exposta e peguei bolsa, depois olhei para baixo.

— Como eu coloco, exatamente?

— Descendo... — Guiou minha mão na água compactada até o local, seus dedos esbarrando na minha pele. — Aqui. Deixe com pressão.

— Tá.

— Tem certeza que não quer voltar para o Complexo?

— Está tarde, e não é nada que eu não aguente.

— Ok — respondeu-me. Quieta, ela mexeu nos próprios dedos e em seguida virou o rosto para a parte vazia da cama, levantou contornando o móvel para chegar até lá e se deitou.

Tudo Vermelho - WantashaOnde histórias criam vida. Descubra agora