Capítulo 14 - McLean

1.2K 106 93
                                    

Música citada

Castles in The Air - Don McLean

————————————————

— Qual era a única coisa que você tinha que fazer?

Sentada numa cadeira de metal com máquinas e agentes à sua volta, ela mantém seus olhos fixos na parede, assim como um soldado faz diante de seu general. Nunca olhando nos olhos, apenas ouvindo os sermões serem dilacerados em si.

— Pegar o pendrive.

— Pegar o pendrive. Que só existe porque você falhou na missão, permitindo que aquela desertora avistasse você primeiro.

O homem grisalho caminhava descontente pela sala, suas agentes organizadas em curtas filas prontas para obedecer qualquer comando que fosse lhes dado.

— Você sabe o que acontece se aquela equipe de bons mocinhos descobre a existência disso aqui?

— Isso não vai acontecer novamente...

Um aperto em seu rosto a impediu de concluir a frase. Ele a encarava tentando controlar sua raiva, mexendo a boca para se conter. Os olhos verdes da agente não expressavam nada, nenhum sinal de medo ou desconforto, o que fez o homem se lembrar de que ela não tinha todos os reflexos ou resquícios de humanidade em si. Logo a soltou.

— Vamos ter que recuar por enquanto. A Viúva Negra viu seu rosto?

— Por que isso é importante?

— ME RESPONDA! — Gritou, fazendo a mulher desviar o olhar para o chão e desfazer seu semblante confuso para um obediente.

— Ela viu meus olhos.

O general se afastou da agente acomodada da cadeira e fez um sinal com os dedos para que outros homens fossem em direção à máquina, que rodeava a mulher.

— Cuidem desse ferimento. Depois apaguem a memória dela.

(...)

Três dias se passaram. Natasha ainda sentia os pontos incomodarem, mas agora estava apta para ir ao mercado sem preocupações. Por que elas precisavam ir às compras? Decidiram juntas que seria melhor se refugiarem no apartamento da Romanoff para recuperação. Decisão essa que prezava mais pelo bem estar de Wanda.

Não é todo dia que sua vida corre perigo extremo, mas para Wanda, essa já era a segunda vez. Tentava lidar com as sequelas emocionais do atentado e de tudo que tenha ressurgido com ele.

Desde que recebeu alta, Natasha não conseguia olhar nos olhos da garota sem perceber que estavam como semanas atrás, quando nenhum rastro de conforto existia neles. Os pensamentos intrusivos de Wanda vencerem desta vez.

— Vai querer a nota? — O senhor no caixa aparentava ser de terceira idade. Usava óculos, cabelo para trás, mostrando suas entradas, e um cavanhaque branco. Esboçava um sorriso.

— Não, obrigada. — Natasha juntou as várias sacolas nos dedos para levá-las. Algumas continham alimentos, bebidas e outras continham gazes, pomadas e remédios.

Havia se acostumado com a comorbidade do Complexo, então apenas pegava as coisas na prateleira esperando que fosse o suficiente para sustentar duas pessoas. Enquanto recolhia os itens, sentiu que o senhor estava a encarando de forma curiosa. Levou seus olhos à ele e o pegou observando seus pontos na testa.

— Está tudo bem com você, querida?

Passeou seus olhos no rosto carinhosamente preocupado dele.

— Hm... Sim, está sim. — Era raro Natasha não se movimentar pela cidade atenta até na respiração das pessoas, então esse gesto repentino a pegou desprevenida.

Tudo Vermelho - WantashaOnde histórias criam vida. Descubra agora