Capítulo 26 - Não Tão Em Segredo Assim

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Chegava a ser engraçado a forma que Natasha era quase dez centímetros menor que Wanda. Bem, isso nunca pareceu empatar em nada, nem mesmo o jeito que ficaram dançando no quarto. Não havia música, a melodia era sentir os corações baterem próximos nesta nova fase.

E depois de alguns risos e passos mal dados, a timidez foi embora, deixando espaço para a paixão. Se beijaram uma vez, duas, três… Até unirem os dedos, roçando eles, instigando o calor nas palmas. Era como se os corpos tremessem enquanto se entregavam um ao outro. Natasha foi a primeira a descer o zíper da sua namorada e deixá-la apenas com peças íntimas. Quando deitaram na cama, Wanda ajudou a tirar o vestido preto da espiã. Selinhos nos lábios e nos pescoços eram tão delicados e intensos ao mesmo tempo, faziam ondas vibrantes atingirem os ventres.

No dia em que se renderam no sofá do apartamento, estavam sendo guiadas pela paixão. Agora estavam se guiando pelo amor, e era por isso que tremiam como se nunca tivessem se tocado. Agora era certo. Estavam condenadas a estarem juntas. Durante duas horas na noite silenciosa, elas namoraram escutando arfadas e sussurros que diziam: “Eu te amo”. Pequenos sussurros no pé do ouvido. Por mais que tenham ficado excitadas, elas não fizeram nada além de troca de amassos e mãos bobas. Era muito para uma noite só. E, além do mais, Wanda nunca esteve com alguém. Tinha vinte e seis anos e ainda era virgem como uma jovem de dezessete. Anos num orfanato e em uma cela fazem isso.

Ela acordou com uma sensação de que tudo aquilo havia sido um sonho, mas seus seios nus e cobertos por um lençol diziam o contrário. Um sorriso escorregou ao sentir seu corpo com apenas uma calcinha, e locais, de possíveis chupões, doloridos. Olhou para trás buscando Natasha, mas ela não estava. Soltou um suspiro frustrado, mas entendia que a russa tinha uma rotina diferente. Ao se ajeitar na cama tapando seus peitos, procurou pelo sutiã e acabou batendo seus olhos em outra coisa: um retrato na mesinha ao lado da sua cama.

Se aproximou como pôde e pegou a moldura para entender do que se tratava. Ao perceber que dentro havia as três fotos que tiraram na noite que se beijaram, seu rosto se contorceu em comoção. “Oh, Tasha…”. Ela estava em cima segurando a pipoca com sua magia, no meio estava sua foto com a mulher e embaixo estava Natasha, que só agora Wanda percebeu estar olhando para o fundo da câmera. Sua namorada estava olhando para ela naquele dia. Sentiu seu coração se apertar de amores enquanto arrastava o dedo no rosto da russa. Havia algo escrito com piloto no vidro, logo abaixo da última foto:

“Você é mais que suficiente para mim, sempre foi.”

Não acreditava no que estava lendo, sua boca fez um “Oh” mudo enquanto seus olhos molhavam. Dois caminhos de lágrimas logo apareceram pelas bochechas. Um sorriso torto surgiu com esforço, pois queria chorar. Colocou o retrato sobre o peito e abraçou, como se pudesse voltar no tempo e abraçar a Natasha daquela imagem. A amava tanto que chegava a doer.

— Sr.ta Maximoff? — Sexta-feira invade o quarto de repente, fazendo Wanda descer o retrato e tapar melhor os seios com o lençol, como se a IA pudesse vê-la. Seu rosto ficou vermelho.

— S-Sexta-feira?

— Não se preocupe, senhorita, sou incapaz de vê-la. Apenas acompanho o seu calor corporal e batimentos cardíacos.

Wanda se sentiu envergonhada.

— Oh, certo. Está tudo bem? Porquê a visita? — perguntou enquanto colocava a moldura de volta no lugar, tomando cuidado para ficar numa posição bonita. A IA respondia seu questionamento, mas Wanda não estava prestando atenção. Olhava sem piscar para as fotos, imaginando em que situação aquele retrato ficaria exposto num lugar só delas, e não apenas em seu quarto. “Isso poderia acontecer um dia?”.

— Sr.ta Maximoff? — Ela a despertou outra vez ao não obter uma resposta.

— Desculpe! O que dizia?

Tudo Vermelho - WantashaOnde histórias criam vida. Descubra agora