Natasha não lembrava que seu quarto era tão iluminado assim, muito menos que o aroma de lavanda dominava o ar dentro dele. Instigada por essas informações, ela criou coragem para abrir vagamente suas pálpebras e deixar que suas pupilas descobrissem o seu arredor. Ela não estava em uma de suas confortáveis camas, não se encontrava em seu apartamento e nem mesmo na Sede. A textura do que estava acomodando-a era diferente, era orgânica com certeza.
Sentiu um vento vir contra seu corpo, um vento fresco sem as impurezas que uma cidade como Nova York trazia. Seus dedos se mexeram, sendo afundados pela grama verde antes nunca tocada por mãos humanas, Natasha desceu seus olhos para ela e percebeu estar sentada. Percebeu também a vestimenta incomum que usava, era um vestido longo, leve e branco. Não era elegante ou vulgar, trazia uma graciosidade para uma mulher que sempre usava peças de couro ou jeans. Botas altas e expressão intimidativa.
Seu cabelo estava esvoaçante, ela poderia não ter um espelho ali, mas sabia que ele estava brilhando como nunca. As mechas soltas balançavam, o vento retornou com o cheiro de lavanda outra vez, ela mirou seus olhos à frente e avistou um campo cheio delas. Cheio de lilás. Por um momento, Romanoff achou que havia morrido e que, surpreendentemente, tinha conseguido entrar no paraíso. Ela se sentia um anjo, não havia nada além de pedaços, quase transparentes, dobrados em um vestido cobrindo-a.
Se pôs de pé, não sentia o peso que suas cicatrizes carregavam antes. Poderiam ser só marcas, mas cada uma delas integravam um pedaço da sua alma destroçada. Agora não mais, pareciam beijos depositados em sua pele. Arfou, o ar que saiu da sua boca não era contagiante como daninha, era confortável como a vapor de um chá feito na hora.
Ela percorreu seus olhos naquele lugar, que parecia ter saído da imaginação pura de uma criança, e procurou por algo, ou alguém. Seus pés descalços tomaram a frente, suas mãos correram para a barra do vestido suspendendo-o a fim de dar passagem aos seus passos. Olhou para frente, para os lados; nada. Estaria sozinha nesse vasto verde?
— Natasha! — E como uma bala lançada, o nome dela foi dispersado alguns metros atrás de si onde o sol estava se pondo. Ela se virou abruptamente e semicerrou os olhos ao sentir os raios da estrela imensa irem contra eles. Viu a silhueta de uma mulher, seu cabelo com certeza era escuro, preto, sua roupa era similar às suas.
— Olá?! — disse de volta, ainda sem reconhecer quem estava ali. A presença parecia sorrir, até rir por vê-la. Vendo isso como uma brecha para se aproximar, Natasha caminhou ao encontro da pessoa de pé contra o sol, suspendendo a barra do seu vestido como uma camponesa. Sem o costume de andar descalça, ela tinha medo de pisar em algo que a machucasse. À medida que ia se aproximando, seu coração batia ansioso com a possibilidade de ser quem ela estava pensando. Ela conhecia aquelas ondas negras, aquela voz, aquele riso e aquela postura. O rosto desconhecido se tornou conhecido. — ...Mãe?
— Olá, Natasha. — Melina sorriu, e por mais que não fosse mãe biológica dela, as maçãs das suas bochechas eram redondas como as da ruiva. Natasha estava confusa, sua expressão facial mostrava isso. Ela havia mesmo morrido? Pensou, e então ouviu o riso da mais velha entretida com sua confusão. — Você não morreu, querida.
Natasha olhou para os lados, e por mais que não tivesse dito uma palavra sequer, Melina sabia por quem ela procurava. Sua expressão murchou vagamente.
— Onde está Yelena? — perguntou, com os olhos parados na mãe, a angústia começando a percorrer seu corpo. Queria ver a irmã.
Melina desceu seus olhos arquitetando como prosseguir, mas não precisou, ambas ouviram um riso distante e correram seus olhos à origem dele. A mais velha sorriu já sabendo de quem de tratava, diferente de Natasha, que tentava identificar quem estava na colina mais abaixo. Não estava sozinha, estava interagindo com dois cavalos, em específico uma égua de pelagem bege e branca, com crina e rabo de cor loira. Deu passos à frente, ainda sem sair de perto da mãe, para descobrir quem era a moça de cabelos longos e castanhos, quase loiros pela iluminação solar.
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Tudo Vermelho - Wantasha
FanficEntre paredes de concreto do seu atual "lar", Wanda Maximoff passava pela dor da perda de seu falecido irmão, Pietro Maximoff. Enquanto era orientada sobre sua nova rotina, descobre que sua treinadora seria ninguém mais ninguém menos que Natasha Rom...