BRUXARIA NAS COLÔNIAS AMERICANAS

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As colônias inglesas da América do Norte eram culturalmente atrasadas em relação à pátria-mãe.

A bruxaria tornara-se um problema sério na Inglaterra nadécada de 1560, mas só a partir da década de 1640 a Nova Inglaterra foi palco de
perseguições.

O primeiro enforcamento de bruxa nas colônias inglesas ocorreu
em Connecticut, em 1647; certo número de outros casos foi levado ao tribunal nas décadas de 1640 a 1680, havendo também enforcamentos em Providence, em 1662.

Os líderes intelectuais da Nova Inglaterra defendiam a crença em
bruxas.

Memorable providences relating to witchcraft and possessions (1689) e Wonders of the invisible world (1693), de Cotton Mather, sustentaram essa tradição.

Os mais memoráveis e bem documentados julgamentos por bruxaria nas colônias americanas ocorreram em Salem, em 1692.

Precedentes intelectuais e legais já
haviam predisposto os habitantes da Nova Inglaterra a acreditar em bruxaria, e certo número de tensões sociais e políticas existentes em Massachusetts, sobretudo em Salem, inclinavam o povo a exteriorizar acusações e a acreditar nelas.

A causa imediata da agitação foi a atividade oculta de algumas crianças na vila.

Duas garotinhas, de 9 e 11 anos, começaram fazendo experiências de adivinhação numa tentativa mais ou menos séria de descobrir quem seriam os seus futuros maridos.

Como ocorre frequentemente com pessoas que brincam com magia, as meninas ficaram muito assustadas e começaram a manifestar sintomas nervosos, profunda agitação e condutas extravagantes.

O pai de uma das meninas era Samuel Parris, pastor da vila de Salem.

Parris chamou um médico que lhes era permitido exibir na pressuposição de que estavam
enfeitiçadas.

A filha de um pai austero e devoto arremessou com violência a Bíblia da família contra a parede da sala; uma outra apanhou tições em brasa da
lareira e ficou correndo pela casa gritando frases sem nexo, com voz estentórea.

Para alguns, o feitiço pode não ter passado de falsa crença, para outros, uma travessura maliciosa.

No final, custou a vida de dezenove pessoas.

Cotton Mather,cujos escritos teológicos encorajaram a crença na bruxaria, durante os julgamentos de Salem não fez o mínimo esforço para ajudar as acusadas.

As meninas foram submetidas a intenso interrogatório por adultos e, sob pressão, acusaram três mulheres de tê-las enfeitiçado: Sarah Goode, Sarah Osborne e uma escrava das Índias Ocidentais chamada Tituba.

Osborne e Goode negaram as acusações, mas Tituba confessou com grande satisfação e volúpia, declarando que tinha relações com o Diabo na figura de uma “coisa
toda peluda, o rosto peludo e um longo nariz”.

Os motivos de Tituba para
confessar não são claros, mas sua declaração adicionou pânico e terror a uma situação já tensa.

A ironia da situação é que sua confissão pode ter-lhe salvado a
vida.

Nenhuma das suspeitas que confessaram a prática de bruxaria foi enforcada, pois as meninas sempre apresentavam melhora após uma confissão; mas muitas das que negaram as acusações foram enforcadas, frequentemente em razão do agravamento dos sintomas durante as audiências do tribunal.

Sob pressão, ameaça e sugestão, as acusações aumentaram.

Seguiram mais a tradição inglesa do que a continental: o Diabo, ao que parece, modificava seu
comportamento conforme as preferências nacionais.

As bruxas frequentavam uma sociedade secreta onde o Diabo comparecia como um homem negro e as batizava em seu nome.

Repartiam um pão de comunhão negro e repugnante; davam guarida a demônios em forma de animais e os amamentavam com sangue por meio de seus mamilos de bruxas; realizavam maleficia contra seus
inimigos, causando doenças, deslocando objetos sobrenaturalmente e, é claro,
atormentando as atribuladas meninas com ataques e convulsões.

Os acessos continuaram aumentando de intensidade com o passar do tempo.

As meninas guinchavam e uivavam, descreviam visões de fantasmas e duendes e apresentavam misteriosas marcas de dentes em seus braços.

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