FEITIÇARIA MODERNA

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A feitiçaria, frequentemente impregnada de diabolismo, ainda é encontrada por toda a Europa, sobretudo entre os camponeses, embora um rápido declínio em tais crenças tenha ocorrido desde o final da Segunda Guerra Mundial.

As suas características variam de acordo com a região.

As feitiçarias alemã, francesa, inglesa, céltica, italiana e eslava têm, cada uma delas, suas próprias
particularidades.

Na Alemanha, a feitiçaria voltou a ganhar notoriedade recentemente.

O sociólogo Hans Sebald relata que numa aldeia alemã, em 1976, uma pobre, idosa e solitária solteirona chamada Elisabeth Hahn era suspeita de bruxaria e de guardar três familiares na forma de cães.

Os aldeões evitavam-na, as crianças apedrejavam-na, e um vizinho hostil ameaçou surrá-la até a morte por causa dos feitiços de que se sentia vítima.

Certo dia, esse vizinho ateou fogo à casa dela, matando-lhe a maioria dos animais, queimando-a gravemente e destruindo-lhe a residência por
completo.

Em outra aldeia alemã, nesse mesmo ano, uma jovem chamada Anneliese
Michel morreu em consequência de um longo e enérgico exorcismo realizado por dois padres da diocese.

Ainda mais sinistro foi o caso de Bernadette Hasler, em 1969.

Bernadette era uma menina cujos pais haviam caído sob a influência
de um perverso ex-padre e sua amante.

Sob o poder deles, a menina confessou adorar Satã e ter “casado com ele”; Satã aparecia-lhe quase todas as noites como um homem corpulento que vestia um manto de peles negras e dormia com ela.

Tendo obtido essa confissão, os cultistas sádicos empenharam-se em espancar, literalmente, o espírito maléfico até expulsá-lo do corpo da pobre moça, que morreu no dia seguinte em consequência das graves lesões sofridas.

Um respeitado erudito alemão, Johann Kruse, de Hamburgo, dedicou a maior parte de sua vida a combater semelhantes crenças, e colecionou um vasto acervo de livros, artigos, cartas, quadros e outros materiais sobre a bruxaria alemã, uma coleção que se encontra hoje exposta no Museu do Folclore de
Hamburgo.

As cartas pessoais são os documentos mais extraordinários, muitas de pessoas que afirmam ter vivido intimamente, durante anos, com uma bruxa secreta.

Odiando e temendo essa bruxa, que poderia ser esposa, vizinha ou
senhoria, os remetentes procuram Kruse em busca de socorro.

A maioria dos suspeitos de bruxaria são mulheres, e com frequência uma mulher acusaria outra que estivesse competindo com ela pela afeição de um homem.

O ciúme sexual impõe-se como explicação para a preponderância de mulheres entre as pessoas denunciadas por bruxaria, uma vez que a maioria das acusações
também parte de mulheres; entretanto, os caçadores profissionais de bruxas, os
hexenbanner, são quase sempre homens.

As consequências da crença em bruxas vão muito além da mera suposição.

Em 1952, uma mulher suspeita de bruxaria escreveu a Kruse uma carta aterradora relatando como um casal idoso foi expulso da casa do filho porque a nora tinha mandado trazer de carro o hexenbanner e demonstrado a seu marido que os pais dele eram bruxos.

Por vezes, o autor da carta está tão aterrorizado e perturbado que se confessa incerto sobre se terá sido enfeitiçado ou se possui ele próprio poderes mágicos.

Uma carta datada de 1974 é uma súplica de ajuda de uma mulher que acreditava ter sido prejudicada por uma bruxa quando era criança; que se tornara mais tarde membro de um grupo religioso do qual viriaa fugir ao descobrir a prática de magia negra; e que sofrera durante anos por causa de sortilégios maléficos de sua sogra, que entre outras coisas tinha comprado e usado ursinhos de pelúcia representando o filho, a nora, a neta e a mãe de sua nora.

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