Por volta de 1300, todos os elementos da bruxaria europeia tinham sido reunidos.
No século e meio subsequente, o medo das bruxas propagou-se
gradualmente por toda a Europa.Então, em cerca de 1450, no fim da Idade Média, o medo converteu-se em obsessão febril, que redundou numa caça que duraria mais de duzentos anos.
A ideia popular de que a caça às bruxas foi um fenômeno medieval é fruto de um falso preconceito que vincula tudo o que é ruim ao clericalismo da chamada “Idade das Trevas”.
Pelo contrário, a caça às bruxas foi produto da Renascença e da Reforma.
Muitos dos intelectuais da
Renascença e dos líderes da Reforma estavam entre os mais vigorosos defensores da crença em bruxaria diabólica.Alguns historiadores tentaram abordar o fenômeno da bruxaria na Europa do mesmo modo que os antropólogos analisam a feitiçaria na África, procurando examinar a função da crença em bruxas na sociedade europeia.
Mas essa abordagem tem limitações.
Em primeiro lugar, a bruxaria europeia é muito diferente da feitiçaria africana; em segundo lugar, as condições sociais e intelectuais da bruxaria europeia variavam imensamente de área para área e de período para período.
É possível argumentar que a bruxaria era um produto da
ansiedade social, e depois associar seus primórdios à inquietação social do século XIV, com suas pestes, fomes e guerras.Mas isso é demasiado simples.
A peste, a fome e a guerra eram endêmicas na Idade Média e no começo da Era Moderna.
Todos os períodos da história humana sofreram perturbações, mas nem todos produziram uma caça às bruxas.
Explicações sociais mais
estreitamente baseadas em considerações locais oferecem maior ajuda, mas continua sendo difícil explicar por que, então, surtos locais se fundiram numa loucura que envolveu quase toda a cultura.Os historiadores vêm debatendo há muito tempo as origens geográficas da bruxaria.
Josef Hansen, seguido por Hugh Trevor-Roper, argumentou que a
bruxaria começou nas montanhas, onde o ar rarefeito era propício àsalucinações; onde inexoráveis fenômenos naturais, como tempestades e
avalanches, estimulavam a crença em devastadores poderes demoníacos; e onde antigas feitiçarias subsistiam em mentes ignaras.Tal ideia não é inteiramente
justa para com os montanheses.De fato, a bruxaria descende mais da heresia do que da feitiçaria, tendo aparecido inicialmente nas cidades das planícies, onde a heresia era forte, e só depois se propagado para as montanhas, onde ganhou vigor em decorrência de práticas remanescentes da antiga feitiçaria.
Ligada à teoria da montanha está a ideia de que foram os inquisidores dominicanos, condutores do ataque à feitiçaria no século XV, que geraram as crenças em bruxas ao levarem para as montanhas as até então desconhecidas
suposições sociais da sociedade feudal estratificada das planícies.A generalização é demasiado ampla, mas com frequência as autoridades eclesiásticas locais resistiram aos inquisidores, e a intromissão dos dominicanos gerou tensões que promoveram a crença em bruxas.
Heréticos valdenses.
Frontispício da tradução francesa do Tratactuscontra sectum valdensium, de Johannes Tinctoris.
Por vezes os valdenses foram confundidos com bruxos, e autorescomo Tinctoris usaram o termo valdensis ou vaudois para designar um bruxo.
Mostram-se aqui bruxos de ambos os sexos adorando seu mestre, que lhes apareceu na forma de um bode.
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História da Bruxaria
No Ficción(EM REVISÃO ORTOGRÁFICA) ATENÇÃO! ESSE LIVRO NÃO FOI ESCRITO POR MIM o nome da escritor(a) é Jeffrey B. Russell aceito críticas construtivas! qualquer discurso de ódio ou ofensa a minorias serão excluído e o usuário será bloqueado! boa leitura ♥︎ at...