3. A FEITIÇARIA EM TEMPOS ANTIGOS

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Embora a feitiçaria europeia influenciasse a feitiçaria em modernas

sociedades não europeias, estas demonstraram exercer muito pouca influência

sobre o desenvolvimento da bruxaria no continente europeu.

Mas as antigas civilizações do Oriente Próximo, Grécia e Roma também tinham crenças semelhantes, e dessas civilizações derivaram muitas das ideias em que se baseou a bruxaria europeia.

Por toda parte se registrava certa interpenetração da feitiçaria com a demonologia.

As características atribuídas a um demônio também podiam ser atribuídas a uma bruxa.

Por exemplo, a devoradora megera Lilitu era um espírito, mas suas características foram transferidas naIdade Média para a bruxa diabólica.

Os sumérios e babilônios inventaram uma elaborada demonologia.

Acreditavam estar o mundo repleto de espíritos que eram, em sua grande maioria, hostis.

Cada pessoa tinha um espírito tutelar para protegê-la de inimigos demoníacos.

Entre os mais terríveis demônios sumérios estava Ardat Lili ou Lilitu, prima da greco-romana Lâmia e o protótipo da Lilith hebraica.

Lilitu era um espírito feminino; era frígida e estéril, dotada de asas e mãos e pés com ganas; acolitada por corujas e leões, movia-se velozmente durante a noite soltando uivos estarrecedores e seduzindo os homens adormecidos ou bebendo-lhes o sangue.

Um outro demônio do sexo feminino, Labartu, saía com uma serpente em cada mão e atacava crianças e suas mães ou amas.

Contra semelhantes poderes era necessária toda espécie de magia, incluindo amuletos, palavras mágicas e exorcismos, mas sobretudo a proteção da divindade tutelar, pois "o homem que não tem um deus quando caminha na rua, o demônio envolve-o como um traje".

A visão de mundo do Egito Antigo era menos aterradora.

Deuses e espíritos faziam todos parte de um só cosmo vivo, e nenhuma distinção era feita entre
natural e sobrenatural.

O feiticeiro usava sua sabedoria e conhecimentos de amuletos, conjuros, fórmulas mágicas e figuras para submeter os poderes cósmicos aos seus intentos e aos de seus clientes.

Como todos os espíritos pertenciam ao todo cósmico, nenhum deles era maléfico, mas o feiticeiro era capaz de alterar os poderes espirituais de modo a causar danos aos seus adversários, assim como a obter ele próprio benefícios.

As duas fontes mais influentes do pensamento europeu foram, em geral, a greco-romana clássica e a hebraica.

Os gregos criaram a filosofia e um refinado sistema de magia.

A forma suprema de magia na Grécia era a theourgia, literalmente "trabalhar coisas pertinentes aos deuses".

Uma alta teurgia, mágica e benevolente, estava próxima da religião.

Um grau inferior de magia, mageia, estava muito mais próximo da feitiçaria.

Originalmente, o magos era um astrólogo do Irã, ou então um grego seguidor da tradição de magia superior dos persas.

Mas em fins do século V a.C., os magoi já tinham adquirido a reputação de praticar feitiçaria maléfica e até fraudulenta: Platão via-os como uma ameaça à sociedade.

Os magoi eram indivíduos que se diziam possuidores de conhecimentos técnicos e poderes para ajudar seus clientes e prejudicar seus inimigos, mediante a realização de certos ritos ou o fornecimento de determinadas fórmulas.

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