Borboleta

Capítulo 20

Palavras: 4.031
27 de março de 1992.

Foi a última partida de quadribol do ano da Sonserina. Apesar de estarem jogando contra a Lufa-Lufa e terem uma vitória praticamente garantida, Draco, Theo e todos os outros sonserinos da escola foram assistir à partida. O apanhador da Sonserina se recusava a perseguir o pomo, contentando-se em simplesmente manter o apanhador da Lufa-Lufa fora de alcance e ver seu time marcar goles após goles. Quando o placar estava 260-20, Harry decidiu ir embora.

Foi bastante constrangedor. Como fã de Quadribol, ele não pôde deixar de ficar desapontado com o time da Lufa-Lufa. A vitória muito fácil para Sonserina tornou o jogo um tanto chato e sem sentido, e ele também não teve muito prazer em observar o encolher e estremecer do Lufa-Lufa. Seus amigos aplaudiram, vaiaram e riram alto, mas Harry assistiu ao jogo com o rosto inexpressivo, revirando os olhos a cada gol e suspirando de decepção sempre que Slytherin cometia uma falta.

Os outros notaram que ele se levantou, mas não tentaram impedi-lo. Draco estava bastante absorto no jogo, e Harry ficou bastante surpreso que o garoto o tivesse notado saindo. Ele retribuiu o aceno de Draco e rejeitou a oferta de Theo para ir com ele, e saiu.

Ele não sabia por que, mas assim que voltou para dentro do castelo, ele se viu indo em direção ao Espelho de Ojesed. Harry sabia que tudo o que Dumbledore queria dele tinha algo a ver com a presença do Espelho, mas ele não conseguia se conter. Ele sempre foi uma criança curiosa e aqui estava uma oportunidade de aprendizado. Não havia nada mais que Harry desejasse, além de uma família que o amasse, além de conhecimento. Quase todas as pessoas que ele conhecia viviam de acordo com o ditado de que “conhecimento é poder”. Apesar do facto de o “poder corrompe”, as pessoas ainda procuravam alcançá-lo. Riqueza, fama, notoriedade: todos queriam. Queria tudo. Mas a maioria das pessoas nunca conseguiu isso.

Não era sobre isso para Harry.

Harry supôs que ele tinha algo em comum com Lord Voldemort. Ambos queriam conhecimento, ambos queriam saber e ambos se esforçariam para aprender. Mas embora Voldemort fosse ignorante e precisasse aprender, ele também gostava disso. Harry precisava aprender também, mas não para se adaptar, não para convencer as pessoas de que ele era um deles – Sangue Puro. Se Voldemort não aceitasse Harry entre suas fileiras, não recebesse Harry de braços abertos como Evan lhe garantiu que faria, então Harry precisaria saber como se defender, pois certamente a única outra opção seria morrer? Ele se recusaria a deitar e deixar Voldemort matá-lo. Ele sabia que Evan o amava, mas o suficiente para trair o Lorde das Trevas?

Ele só teria em quem confiar e, para viver, precisava obter o máximo de conhecimento possível. Levaria anos, mas eventualmente ele estaria no mesmo nível do Lorde das Trevas. Ele havia prometido isso a si mesmo quando soube que era uma Horcrux. Ele valia mais para Voldemort, ele sabia que poderia valer, do que apenas um recipiente para sua alma. Harry valia mais.

A vontade de examinar o Espelho borbulhou dentro dele. Ele temia o que encontraria e era cauteloso com tudo o que tinha a ver com o objeto. Dumbledore queria que ele encontrasse o Espelho por um motivo, e qualquer que fosse o motivo, tinha que ser ruim para o Lado Negro. Independentemente do fato de ele estar neutro no momento, Harry sabia que quaisquer planos ou ideias que Dumbledore inventasse a respeito dele também não poderiam ser bons.

O Espelho estava no mesmo lugar de sempre. Harry visitou a sala quatro vezes desde o início de fevereiro, quando ele e Lucius estiveram juntos na sala. Cada vez, Harry simplesmente via seu reflexo, do jeito que ele estava com a sala atrás dele. Lucius disse a ele que isso significava que Harry estava contente com a vida. Poderia mudar, dissera o loiro, ou talvez não. Harry meio que desejou saber no que isso poderia se transformar. Ele veria uma amante? Ou uma criança? Ou ele mesmo ao lado de Voldemort?