Capítulo 2

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Palavras: 3.815
Capítulo 2,
25 de agosto de 1985. Little Whinging.

Evan. Seu nome era Evan Rosier. O nome de seu amigo era Evan Rosier. Amigo dele. Dele. O nome do amigo de Harry era Evan Rosier.

A criança sorriu timidamente, com a franja pendurada nos olhos e ele manteve o rosto voltado para baixo. Mas Evan pôde ver o sorriso. “Eu tenho um amigo”, a criança respirou baixinho. Evan estremeceu, uma sensação dolorosa brotou dentro dele, mas ele empurrou para baixo, bateu até que desaparecesse. Ele podia sentir pena e simpatia, mas qualquer coisa a mais era demais. Ele não teve tempo para cuidar dessa criança. Ele estava aqui com Harry por um motivo.

A autopreservação exigia isso.

Evan sabia coisas que outros muitas vezes não sabiam. Era uma das vantagens de ser um dos favoritos do Lorde das Trevas. Ao contrário de Bellatrix Lestrange, Evan não acreditava em se gabar de suas conquistas, do favor que Lord Voldemort concedeu a ele, ou de se gabar em geral. Ele trabalhou duro pelas recompensas que colheu; ele os conquistou. Ele não sentiu necessidade de se defender a esse respeito.

O Lorde das Trevas temia a morte. Essa era sua única fraqueza na mente do homem. Mas havia maneiras de enganar a morte, embora todas elas fossem pouco melhores que a morte. Sangue de unicórnio, Necromancia, Horcruxes; todos eram amaldiçoados e perigosos. Às vezes, era melhor morrer, pensou Evan. Mas Voldemort não pensava da mesma forma. Ele estava determinado a viver para sempre, a governar para sempre.

Bellatrix sempre falava da “herança” de família que seu Senhor ordenou que ela protegesse. Ela havia colocado a taça de ouro no Cofre de Gringotes de seu marido, e ela permaneceu lá por quase cinco anos. Evan acreditava que era uma Horcrux. Lucius Malfoy tinha um diário. Nem Bellatrix nem Lucius sabiam o que possuíam. Evan também não deveria saber, mas uma vez lhe ofereceram um anel para cuidar. E embora ele tenha recusado o Lorde das Trevas, ele vislumbrou o objeto o suficiente para ler sua aura.

Era mágico, certamente. E escuro. Ainda mais sombrio que o seu Senhor, se tal coisa fosse possível. O anel parecia não ser mau, mas também não era certo. Havia algo estranho no objeto, e Evan sabia que mesmo sem ele possuir um fragmento da alma de Voldemort, haveria algo magicamente sinistro no anel. *1* Eram três Horcruxes que Evan conhecia. Sem dúvida, se alguém fosse louco o suficiente para fazer mais de três, seria Lord Voldemort. Evan acreditava inexplicavelmente que havia mais por aí, em algum lugar, escondido em lugares que apenas Voldemort saberia procurar.

Ou Dumbledore.

Evan virou a cabeça para olhar para Harry. O menino congelou com a boca aberta. Aparentemente, ele estava falando, embora Evan não tivesse ouvido uma palavra perdida enquanto estava em seus pensamentos, e agora Harry esperava ser repreendido.

"Continue", Evan disse finalmente, quando Harry continuou em silêncio. O menino arrastou os dedos dos pés no chão e, hesitante, sentou-se ao lado de Evan no colchão. Suas pernas curtas se esticaram na frente dele e ele riu. "O que é?"

“Meus dedos dos pés só alcançam seus joelhos.” Harry sussurrou. Sua voz era suave, mas cativante. Evan sentiu que nunca ficaria irritado ao ouvir Harry falar. A voz de Bellatrix irritou seus ouvidos, Narcissa o deixou nervoso, a voz de Nott só o fez querer matar coisas. Mas a voz de Harry era perfeita, pensou Evan, para cantar ou ler uma história até alguém adormecer. Hipnótico.

"Você canta?" O Comensal da Morte disse de repente. Os olhos de Harry se arregalaram. Ele olhou em volta nervoso, mas não balançou nem acenou com a cabeça. “Você conhece alguma música?” Harry acenou lentamente com a cabeça. “Você vai cantar para mim? Eu prometo que não vou rir.” Harry permaneceu em silêncio ainda, e Evan começou a sentir sua paciência se esgotando. "Eu sou seu amigo."

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