4 ➨ This Is Getting Good Now

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(Marília's POV)

- E então? - João perguntou, ao ver-me apreensiva enquanto tirava a última torta do forno, usando as luvas macias que havia comprado mais cedo.

Ouço como som de fundo 'Man! I Feel Like A Woman' da Shania Twain e tento deixar este como plano de uma vida distante.

- Hmm... - suspirei. - Elas estão muito bonitas. Espero pelo menos ainda me lembrar de fazer, tem um tempo que não faço essa torta e receita da vovó. - olhei para a tela do Notebook, olhando meu irmão que comia algo que o hospital forneceu para o mesmo.

- Eu que queria experimentar um pedaço. Saudade de quando estávamos em casa e você fazia essa torta. - João disse, seu tom era cabisbaixo e eu entortei a boca, lamentando por não poder tirá-lo daquele hospital e lhe fazer uma torta.

- O primeiro dia de estágio foi impecável, você tinha que ver a felicidade nos rostos das crianças enquanto eu as fotografava. Um dia ainda vou te trazer, vamos tirar várias fotos suas e você vai comer todas as tortas que quiser. - eu disse, com um sorriso no rosto para que lhe passasse confiança e ele sorriu feliz por minhas palavras.

- Sei que vai! Você é a minha mulher maravilha. - podem parecer bobas as palavras que ele disse, mas escutá-las nesse momento foi essencial para mim.

- E você é o meu capitão américa, vamos nós dois lutar contra o mundo juntos! - dei um soquinho no Notebook, sinalizando um toque bobo e ele fez o mesmo no seu.

- Enfim, acho que já está na hora de desenformar as tortas, você vai dar uma para cada vizinho do seu andar, não é? - ele perguntou e eu assenti, olhando para as três belezinhas no balcão.

- Espero que eles gostem! - constatei, mais para mim, do que para o meu irmão.

Terminei de dar os últimos retoques naquelas obras-primas, sobre o olhar supervisor do meu irmão, que ria de algumas palhaçadas que eu fazia. O cheiro estava muito bom. Só esperava que aquele gesto fosse o mais educado possível, pois eu queria me dar bem com o pessoal do meu andar.

- Acho que já posso ir entregar para cada um de uma vez, assim arranco nomes e faço novas amizades. - conto o meu plano para João, que assentiu. - Me deseje sorte!

- Boa sorte, Lila. Você é incrível, irá fazer ótimas amizades! - ele disse e eu encarei seus olhos, que apesar de mostrarem toda dor, ainda me mostravam esperança, mesmo que fosse mínima.

- Eu te amo, te ligo depois para te contar como foi! - mandei beijinhos para a tela, ele fez o mesmo e assim desliguei o aparelho.

Corri para o banheiro e dei uma olhada no espelho, escovando os cabelos com as mãos e jogando para um lado. O resto estava bom. Considerei a possibilidade de trocar de roupa, mas aí cheguei à conclusão de que é melhor eu ser eu mesma. E eu queria parecer interessada em amizades novas e não desesperada.

Voltei à cozinha e levantei uma das bandejas redondas de vidro nas duas mãos e segui para a porta do apê. Apelando para um momento equilibrista, consegui segurar a bandeja e abrir a porta e trancá-la outra vez, sem derrubar nada.

Entregaria primeiro para o número dezoito, depois para o quatorze e por fim, o quinze. Suspirei, abrindo meu maior sorriso para enfim tocar a campainha, segurando a torta com as duas mãos para que não caísse, já que eu tinha um certo probleminha com equilíbrio.

Sorri ansiosa quando o barulho de chaves destrancando a porta foram escutadas. Esperei ansiosamente para a pessoa que abriria e uma senhorinha de idade que era dona, olhando-me surpresa.

Flashlight ● adaptação MuriliaOnde histórias criam vida. Descubra agora