48 ➨ Secrets Stolen From Deep Inside

156 14 7
                                    

(Marília's POV)

- Olá, boa tarde, - diz a garçonete e não me surpreendo nada com o ar praiano que ela perpassa. Por suposto, sei que está usando biquíni por debaixo do avental e este é um dos privilégios de se trabalhar num resort - gostariam de adicionar mais pedidos para essa mesa?

João e minha mãe já haviam pedido uma bebida e comiam a salada de entrada. Nós outros nos atrasamos um pouco além do combinado do horário e não demoramos para nos acomodar. Eu sento ao lado de Murilo e de minha filha, que pede para que seu assento seja ao lado do meu irmão. Suprimos essa sua vontade prontamente.

- Sim! - Ana responde com a voz tranquila. - Pode trazer nossas entradas e uma água, por favor... - olhou para todos e eu concordo com aceno.

Gustavo apoiou seu braço no encosto da cadeira de sua esposa, que acariciava sua perna e, se eu conheço a peça rara tão bem quanto acredito, parece ansiosa e mais inquieta que o comum, apesar de saber que isso já é parte de sua personalidade: - Vamos comemorar o Ano Novo com estilo! - ele sorriu largo e virou-se para a garçonete - Uma garrafa de vinho tinto italiano.

Os brasileiros da mesa, prontamente, repassam os pedidos.

- Tudo certo, já vou trazer tudo. - Murmura gentil e se retira após anotar tudo na caderneta em mão.

O tempo passa com precisão e não demora até que tenhamos que fazer os pedidos dos pratos principais, é claro que demorou mais do que eu acredito que a paciência da garçonete se estende para que escolhessemos qual a melhor opção, pela quantidade de opções boas no cardápio. Cada um pediu o que previu ser bom, enquanto degustamos a taça de vinho.

Observando o cardápio, Mai suspira: - Pode me trazer uma Coca Diet, por favor? - questiona gentil e ajeita os cabelos castanhos. Ela tenta um português recheado de sotaque. Adorável.

A garçonete se afasta após concordar e anotar tudo.

- Cuidando do corpinho, Mai? - eu provoco e  franzo a sobrancelha em desconfiança, noto que seu olhar cai quando a encaro por longos minutos.

- Hmm - ri um pouco e desvia seu olhar. Avalio os trejeitos e sorrio pela sua tentativa falha de tentar esconder algo de mim, que, sem querer me gabar, a conheço como ninguém. - É sempre bom cortar um pouco de açúcar e cafeína. - deu de ombros.

- No vinho não tem. - Murilo analisou.

- Maiara prefere besteiras a álcool, de qualquer forma. - Gustavo a provoca e revira os olhos. Maiara faz o mesmo, mas mostra-lhe a língua.

O silêncio cai sobre o ambiente tranquilamente, ajustando-se logo em conversas aleatórias e falácias bobas que só a gente entende. Em meio a uma dessas conversas, os pratos principais chegam, trazidos pela garçonete e mais dois garçons.

- Com licença, - Gustavo chama cuidadoso após receber um cochicho de Maiara. - Dona Ruth, pode pedir para que a moça troque o peixe, por favor? - aponta para o prato da italiana - É que precisa ser beeeem passado.

Minha mãe ergue o rosto e acena, antes de passar a informação para a garçonete que concorda, ''oh, claro!'', e se retira para fazer o que foi pedido.

Olho sorrateiramente para Maiara e ela continua com sua feição nervosa, quase como se escondesse um segredo à sete chaves e estivesse por pouco a ser descoberto.

- Muito obrigado. - Gustavo diz baixo, sorrindo.

Todos na mesa se entreolham e ronrono um riso baixo, o controlando até que se torna um pequeno repuxar de lábio.

- É porque eu prefiro assim. - Maiara diz sem pausas, para que possa suavizar os rostos confusos e curiosos de todos nós.

E porque há uma suavidade excepcional atenuando seu tom macio e o sotaque italiano, viro o rosto e encontro sua expressão nervosa, os olhos castanhos piscando de forma lenta.

Flashlight ● adaptação MuriliaOnde histórias criam vida. Descubra agora