45 ➨ The Beat Of Your Heart

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(Marília's POV)

Gustavo estaciona o carro que alugamos em uma rua sem saída bem próximo à praia. As calçadas estão vazias e o lugar parece quase deserto mesmo com as placas neon de alguns quiosques.

Poderia pensar que quase ninguém preenchia aquele lugar tão calmo e sereno, se não fosse pelo burburinho quase inaudível de fundo das pessoas zanzando e dando um mergulho no mar, que já subia seu vento gélido e balançava nossos cabelos.

Também saio do carro quando Ana, que estava mais próxima à porta, o faz, compondo seu visual com os óculos escuros com pequenos girassóis desenhados nas armações. Fico ao seu lado e olho em volta sustentando um sorriso quase maior que meu rosto por estar presente nesse lugar paradisíaco que, pouco tempo atrás, ainda era um sonho escrito em papel. A praia em nossa frente é preenchida por risadas, de areia branca e fina, e completamente cercada por paredões de pedras.

- Isso não é fascinante? - ouço Maiara do outro lado do carro, puxando aquela boia de flamingo horrorosa que ela fez questão de trazer para tirar algumas fotos e jogar para o pobre coitado do Gustavo que poupou seus resmungos, jogando-o em seus ombros cobertos pela regata verde-água. Posando as mãos na cintura descoberta, ela sobe o olhar: - Olhem quantos tons de azul no céu!

Subo a cabeça e me deparo com uma visão extraordinária, as poucas nuvens flutuando no céu azul e limpo tornando a paisagem praticamente surreal, o tipo de imagem que vem como plano de fundo padrão nos notebooks.

- Pensei que essa paixão desenfreada estivesse apenas na Marília. - Murilo arqueia as sobrancelhas em minha direção e eu reviro os olhos, mas não resisto em puxar o celular para registrar o céu acima de nós.

- Eu acho bom que Luan chegue logo com nosso protetor-solar, antes que viremos grandes camarões queimados. - Gustavo diz, rindo, e enfia as mãos no bolso do short de tactel ao sair de perto do carro para que o seguíssemos até o mais perto da escadaria de madeira que levava ao mar.

- Não duvido nada que isso de fato aconteça comigo, não importa quantas dúzias de camadas de protetor eu tente passar. - meu namorado pressiona os lábios em um resmungo pelas suas palavras e eu me aproximo rindo baixo, unindo nossas mãos antes de correr os olhos e ter certeza de que Marcela nos seguia.

Minha criança estava de mãos dadas com João, ambos perdidos em seu próprio mundinho enquanto pulavam os ladrilhos brancos e tentavam que seus pés caíssem apenas nos pretos do chão de pedras grandes. Sorrio para a cena e volto meu olhar para Murilo, que estreitava os seus olhos para conseguir enxergar com a luminosidade do sol escaldante.

Gustavo nos leva até a escadaria, onde imediatamente somos guiados através da praia até a linha de bangalôs ao longo da areia, em frente ao mar. O cheiro de maresia e o barulho rítmico das ondas me fazem inclinar um pouco contra o corpo de Murilo, colocando Marcela e João em nossa frente após todo mundo tirar os sapatos para sentir a areia úmida embaixo dos pés.

Luan, mamãe e Luísa, que vieram no outro carro, surgem na passarela de madeira que leva à área de recreação repleta de quiosques que vendem petiscos e bebidas refrescantes. Os três estão vestidos com trajes de piscina e completamente molhados - o que nos indica que chegaram antes de nós -, isso não os impede de vir nos encontrar com entusiasmo.

- Não conseguimos esperá-los. A água está deliciosa. - mamãe comenta se aproximando de João e o enchendo de beijos molhados. Meu irmão torce o rosto constrangido pelo carinho repentino, mas subindo suas pequenas mãozinhas para os cabelos curtinhos e molhados dela.

Alan cobre seu peito molhado com a regata larga e se aproxima do guarda-sol reservado para nós, bebendo um gole de sua bebida cobreada decorada com um abacaxi cortado ao meio - Isso porque não experimentaram esse drink dos deuses! Isso é delicioso!

Flashlight ● adaptação MuriliaOnde histórias criam vida. Descubra agora