- Só uma leve gotinha, olhe. - Maiara diz paciente e pinga o líquido transparente na língua da garotinha que está inquieta na maca. - Eu prometo que não teremos injeções, confia em mim?
Maiara percebe que ela ainda está parada no lugar, encarando-a atônita, e é preciso que respire fundo. Natália abre e fecha a boca inúmeras vezes e finalmente assente, parecendo travar uma batalha interna consigo mesma sobre as circunstâncias postas.
- Ela só precisa tomar este remédio durante duas semanas de 6 em 6h e o incômodo na garganta passará. - a italiana passa as informações para a mãe, anotando-as no papel e entrega junto a um atestado do dia.
Normalmente isso era dito acompanhado de um sorriso largo. Mas sabem como é... Problemas no paraíso.
A mãe afirma com a cabeça e se retira com Natália após uma despedida com novas instruções para caso o método não funcione. O que, bem, quase nunca acontecia.
Maiara suspira ao estar sozinha na sala branca e o cheiro estupidamente bom a entorpece, trabalhava melhor quando a sala estava limpa, mesmo não sendo a maior fã de trabalhos de limpeza. Ela confere a agenda do dia que se estende e se dá conta que a próxima consulta será em duas horas, o que a faz ter tempo para ler um pouco e ouvir música. Quando conecta o fone ao celular, vê que há mensagens não lidas de Marília, então para sob a mesa e abre a caixa de mensagens.
Marília: Mai
Marília: está ocupada? me diz que não!
Marília: odeio admitir, mas já sinto sua falta, esquisita. me liga
Faz vinte minutos que ela mandou, então...
Maiara: sabia que você seria a primeira a assumir que sente falta :)
Maiara: não estou ocupada
Cerca de vinte segundos depois seu celular toca e aparece o contato de Marília com uma foto sua na viagem do ano passado.
- Eu odeio sentir sua falta, me busca aqui agora. - ela diz sem ao menos dizer ''alô''.
- Eu ainda estou em negação de que foi embora. Deveria ter me deixado estender o seu estágio até o ano que vem, mas claro que você é uma estraga prazeres e negou! - responde e destampa a garrafa d'água, dando um gole até a metade. - Sinto sua falta.
- Eu sabia que você ia admitir.
- Me declaro culpada. Mas você não tem provas, porque eu só disse uma vez. Há.
- Te odeio. - Maiara rola os olhos e dá risada. - Como estão as coisas? Sabe... Após aquilo.
A risada cessa aos poucos e ela desvia o olhar para o teto. - Eu venho ignorando toda vez que ele chega perto para conversar. Mas só é tão difícil, eu não sou a melhor em ignorar as pessoas, principalmente uma que mora comigo. - limpa os cantos dos olhos molhados de lágrimas e deixa o corpo encostar de forma largada à poltrona.
- Não foi justo da parte dele dizer aquilo, mas você não deve achar que é verdade, eu tenho a maior certeza de que você será a melhor mãe que esse mundo já viu. Sem dúvidas.
- Obrigada por me dizer isso. - suspira e encolhe os ombros. - Enfim, me conta como as coisas estão aí.
- Brasil é mesmo um país quente, eu tinha me esquecido disso. - Murmura. Maiara ouve no fundo algum batuque desconhecido, talvez de alguma música. - Meus amigos daqui estão fazendo uma festa de boas-vindas, ignore o barulho. - Marília sana sua dúvida.
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Flashlight ● adaptação Murilia
Romansa⚠️ATENÇÃO: esta história é uma adaptação!⚠️ Uma proposta irrecusável para salvar a vida de seu irmão é o suficiente para que Marília Mendonça, uma fotógrafa destemida, conheça Murilo Huff, um jovem policial que teve seu coração partido inúmeras veze...