20 ➨ You Don't Have To Be Sorry

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[7/10]

(Marília's POV)

- Por que ela disse aquelas coisas? - perguntei, cruzando os braços e com a expressão séria.

Murilo levantou o rosto lentamente, me encarando com os traços mais inexpressivos que eu já havia visto. Mas eu já sabia onde procurar os indícios em seu semblante: os olhos, que resplandeciam e apertavam-se ao me encarar.

- Lil, eu...

- Ela nem me conhece! Não sei porquê disse aquelas coisas horríveis e mentirosas sobre mim. - meus olhos foram atraídos pelos seus, visivelmente avermelhados.

Por algum motivo ininteligível, minha única vontade era explodir em um gesto afetuoso e abraçá-lo. Mas a cautela sempre fora minha amiga mais fiel, e era ela a quem eu devia ouvir nesse instante.

- Você tem razão! São coisas horríveis e mentirosas...

- Então por que ela disse?

- Você pode me deixar falar? - ele pediu, aumentando um pouco o tom para que eu me calasse, e com um suspiro longo e dando-me por vencida, sentei-me ao seu lado no sofá.

- Ok, estou ouvindo. - arqueei a sobrancelha, esperando que ele falasse o que teria para falar.

- É sério que você só escutou o que Vera disse, e não deu a mínima para minhas palavras? - seu tom dessa vez era chateado, olhando-me decepcionado.

Permaneci em silêncio, dando de ombros.

- Marília, eu não compactuo com nada do que ela disse, ou pensou em dizer.

- Eu sei disso - ele pareceu se surpreender com minhas palavras - É que... eu não queria que você pensasse nada daquilo de mim. Eu estou aqui, nesse exato momento, porque gosto de você. Não porque quero substituir alguém, muito menos uma pessoa que foi parte da sua história e que jamais esquecerá.

- Lila...

- Não, Murilo... 'tá tudo bem. Eu sei que você não tá comigo por nada do que a Vera disse. Você não é assim - acariciei sua bochecha com o polegar - Eu só não queria que você pensasse dessa forma... a sua opinião é a única que importa 'pra mim, ok?

- Que bom que sabe disso. Eu nunca, juro 'pra você, pensei que você estaria aqui 'pra substituir alguém. Jamais pensaria isso. - seus olhos lacrimejavam, causando-me um aperto doloroso no coração, talvez porque eu odiava vê-lo assim. - Eu te acho uma mulher incrível, ela disse palavras horríveis, coisas mentiroras. Você está livre para usar a roupa que quiser, sentir o que quiser, ninguém tem que barrar isso. Fora que você não está aqui para substituir ninguém. - um sorriso leve se abriu em meu rosto com suas palavras.

Encostei delicadamente em seus pulsos, tirando suas mãos tensas de seu pescoço, e trazendo-as para perto de mim, em uma tentativa de reconforto.

- Eu acredito em você. Só quero que confie em mim, para contar quaisquer coisa. Você mesmo me disse que queria que resolvessemos os nossos problemas juntos, e eu não quero que isso seja só uma promessa boba.

- E nem eu.

- Então, vamos confiar mais um no outro, tudo bem?

- Eu já confio em você, Mendonça. - ele se aproximou, limpando algumas lágrimas, deixando um beijo em minha testa.

- E eu em você. Mais do que imagina.

O abracei, enlaçando seu pescoço com meu braço, querendo que ele sentisse que nada do que eu estava dizendo, era mentira. Seu braço se fechou em minha cintura, enquanto ele deixava alguns beijos soltos pelo meu pescoço e ombro. Nos separamos alguns minutos depois, estando mais calmos, trocando um sorriso em seguida.

Flashlight ● adaptação MuriliaOnde histórias criam vida. Descubra agora