46 ➨ Tale As Old As Time

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(Murilo's POV)

- Papai?! Mamãe?!

Sou arrastado para fora do estupor e da bolha que havia ao meu redor conforme meus dedos trêmulos paralisam entre os fios macios e suados de Marília. Ela me encara, os olhos grandes e assustados, as pupilas dilatadas de forma bruta e lasciva. É um esforço quase impossível, mas focalizo o olhar para a porta de madeira maciça do quarto de hotel e rezo para que tenha me lembrado de ter trancado na noite anterior.

- Tenho certeza que trancou. - Lila sussurra com um sorriso pequeno, afastando sua boca de minha virilha e sobe as mãos trêmulas pelo nosso momento de minutos atrás para os seus cabelos bagunçados.

Meus braços caem abertos no colchão, dando espaço para que ela saísse - fazendo questão de passar por cima de meu corpo - da cama e pondo os pés no chão. Faço um esforço quase desumano para não descer meus olhos atentos por todo seu corpo nu, que parecia ainda mais perfeito pela pouca iluminação do quarto, sendo esta apenas os raios de sol que ultrapassavam as janelas fechadas e a fresta da porta.

- Papai! - a voz impaciente de Marcela atravessa a porta e mesmo sem vê-la, sei que ela sustenta um bico adorável nos lábios. - A vovó disse pra mim acordar vocês! 

Marília suspira fundo e troca um olhar comigo que sei bem o que significa. Baita deja vu do caralho com isso. Ela sussurra pouco depois: - Vou tomar um banho, - novamente, foi como um gelado e ácido banho de água fria - abre a porta para ela, diz que estava dormindo.

Limpo a garganta, passando as mãos pelo rosto antes de me sentar para tentar alcançar um pouco de coerência enquanto me obrigo a não dar atenção às  pulsações na minha virilha ou à forma como Marília rebola os quadris para seguir até o banheiro. Que droga.

- Eu estou acordado, princesa - Digo alto, embora ainda haja um tom rouco que não tem nada a ver com sono. - Lila está tomando banho. Vou apenas trocar de roupa, pois estou de pijamas.

Pelo canto dos olhos, vejo Marília sussurrar um ''mentiroso'' para si mesma através do espelho do banheiro e sorrindo satisfeita antes de bater a porta. 

- Vou chamar o João para pular na cama comigo! Já volto!

Passos pequenininhos e apressados, porém pesados, ecoam do lado de fora da porta e eu torço mentalmente para que ela não se descuide, acabando por cair na areia. Suspiro de alívio e alcanço meu celular na mesinha de cabeceira para confirmar que ainda não são nem oito horas.

Me levanto poucos minutos depois, buscando cobrir meu corpo com o roupão que o hotel disponibiliza. Cubro os passos até o banheiro e abro a porta de supetão, ganhando dois par de olhos escuros me encarando com um sorriso de lado.

- Ela entrou?

- Foi chamar o João para pularem na cama. - respondo, rindo baixo. Retiro o roupão e não tardo a me juntar à ela no banho quente. - Sua mãe a acordou. Ela está cuidando dela, tenho certeza. Ela deu essa ideia de ficar com ela ontem a noite para oferecer uma noite de filmes com as crianças. - puxo o sabonete do suporte e esfrego meus braços, enquanto Lila ensaboa os cabelos. - Deve ter desistido no momento que notou a energia incontrolável deles juntos nessas férias.

Seu riso ressona pelo box e eu entrego-lhe o sabonete, trocando de lugar para que eu possa sentir a água molhar minha pele, causando um contraste na carne quente.

Não resisto em observá-la e percebo seu sorriso satisfeito, a fala carregada de escárnio: - Seu momento foi atrapalhado e agora você vai me encarar desta maneira durante todo o dia. Estou correta? - se aproxima e esfrega o polegar entre minhas sobrancelhas, suavizando a linha de expressão entre elas e observo-a resistir em crescer o sorriso. - Que estresse, Mumu.

Flashlight ● adaptação MuriliaOnde histórias criam vida. Descubra agora