Último capítulo. Ninguém me toca. Não vou dizer tanto porque ainda temos epílogo e possivelmente uns extras. Só pra dizer: Amo vocês. Obrigada por quem ficou até hoje <3.
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"Can I go where you go? (Posso ir onde você vai?)
Can we always be this close forever and ever? (Podemos ser próximos assim para todo o sempre?)
And ah, take me out, and take me home (E ah, me leve para sair, e me leve para casa.)"(Murilo's POV)
O cheiro intrínseco de café mesclando-se a outro cheiro estranhamente conhecido é o que me desperta naquela manhã gélida.
Necessito de bons longos minutos para abrir os olhos totalmente, o que me causa uma contração forte nos músculos quando estico-os para expulsar toda preguiça que possa ter se instalado durante a noite.
Coço os olhos e ponho-me de pé. Meias e pijamas têm sido meus companheiros nessa aventura que é estar de folga do trabalho, então, não me dou o trabalho de trocar de roupa, só complemento com um moletom mais quente.
Marcela está esparramada pela minha cama, o corpo pequeno inteiramente arrepiado graças a sua inquietação pela madrugada, o que sempre faz com que seu cobertor caia no chão em poucas horas de sono. Não seguro o sorriso e cubro-a.
Dou os primeiros passos em direção ao corredor do meu apartamento, esse que está iluminado demais para os meus olhos cansados, mas paro bruscamente como se houvesse alguma barreira em minha frente impedindo-me de continuar.
Olga não viria hoje.
Duvido por um momento da minha capacidade de chegar a conclusões depois de acordar tão cedo, mas não me esqueço que tínhamos combinado de que ela estaria aqui somente para o jantar.
Meus pés se atrapalham por causa do par de botas e pernas delineadas por jeans escuros a poucos metros de mim, sua silhueta contornada e iluminada pelo reflexo das longas janelas de vidro da cozinha. A ilha é o único móvel que me impede de tocá-la.
O ar trava na minha garganta, dando-me uma sensação semelhante a um sufocamento. De repente, não há mais nada a não ser Marília. A não ser seu corpo distraído, o cabelo batendo um pouco abaixo dos ombros - ela cortou o cabelo?! - e o casaco escuro e botas mais ainda.
Pisco diversas vezes e tento convencer meu cérebro que possa ser uma miragem. Sugo uma longa lufada de ar para dentro dos meus pulmões e tento dar o primeiro passo em sua direção. Ainda que meus pés pareçam descoordenados e estranhos, consigo fazer com que eles sigam uma linha reta até o meu objetivo: ela.
Chamo sua atenção com meus passos firmes: - Murilo. - ela ofega quando se vira. - Eu estou preparando o café da manhã. Olga me disse que não tem vindo pelas manhãs, então tenho medo do que andam comendo... - suspiro quando ela me agracia com sua risadinha baixa. Percebo a movimentação de sua garganta quando ela engole a seco, nervosa. - Também é uma tentativa de pagar para ser sua espécie de... Colega de quarto, por assim dizer?! Digo, meu apartamento anterior já foi ocupado e eu até pensei em ir para a casa de Maiara, mas... Mas...
Ela se cala após seu monólogo de palavras céleres e sei que o motivo é a maneira como estou a olhando, quase como se estivesse vendo a mais bela das artes e obras. E de fato estou. Corro para ela como se fosse minha salvação, não me importando com meu celular desabando no meio do caminho ou muito menos meu moletom escorregando de um dos ombros.
Saudade grita em todas as partes do meu corpo. Ela se aproxima mais e levanta a mão devagar, avaliando minha reação. Deixo-a tocar minha bochecha esquerda suavemente, sua pele juntando-se a minha gelada e nossos olhares conectados como se nada pudesse nos quebrar.
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Flashlight ● adaptação Murilia
Romance⚠️ATENÇÃO: esta história é uma adaptação!⚠️ Uma proposta irrecusável para salvar a vida de seu irmão é o suficiente para que Marília Mendonça, uma fotógrafa destemida, conheça Murilo Huff, um jovem policial que teve seu coração partido inúmeras veze...