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Eu definitivamente odeio escadas, e odeio principalmente as escadas da residência onde moro. E odeio principalmente o elevador quebrar a cada duas semanas, é irritante e me faz querer socar algo.

— Aurora, você sabe que eu amo minha sobrinha mas não posso levá-la  na escola amanhã. Preciso chegar cedo.

Minha irmã mais velha resmungou do outro lado.

— Por favor, Aninha do meu coração, eu preciso fazer entregas amanhã nesse horário ou eu posso perder meu emprego.

Soltei um som incrédula.

— Ah, então eu posso perder o meu emprego, né?

— Seu chefe não vai te demitir, Ele é um amor de pessoa.

Me engasguei.

— Nós duas sabemos que ele não é.

Ela riu.

— Mas eu gosto dele.

— Não, você não gosta. Você gosta da beleza dele.

Me lembrei das vezes em que ela dizia que ele era muito duro comigo quando eu chegava chorando em sua casa e por isso ela o odiava.

— E não é a mesma coisa?

Pisquei várias vezes ao ouvir aquele absurdo.

— Não?!

Ela voltou ao assunto principalmente.

—  Ana, Você sabe que faltei semana passada quando a Mel pegou resfriado e ficou febril, lembra? Não posso furar mais.

Segurei as chaves e abri a porta do meu apartamento de pernas bambas e cabeça doendo. Ascendi as luzes e retirei meus saltos.

— Aurora!

— Ana! O Rafael não vai te demitir se você chegar atrasada, agora aquela megera vai me demitir e esfregar na minha cara os dias em que faltei pela Mel.

Me joguei em meu sofá.

— Você venceu, só dessa vez está bem?

Ela soltou um suspiro aliviado.

— Por isso amo você. — Revirei os olhos mesmo sabendo que ela não poderia vê.  — Prometo te recompensar depois.

Mordi minha bochecha e encarei o teto.

— Uma massagem e duas travessa de lasanha. — Avisei séria.

— Uma massagem e uma travessa de lasanha.

— Eu disse duas. — Corrigi.

— Mas...

— Duas, Aurora!

— Tá, tá bom.

— Passo aí antes das sete.

Um silêncio.

— Tudo bem, amo você te vejo amanhã.

Deixei um sorriso cansado escapar.

— E eu amo a minha sobrinha.

Ela riu, e foi o suficiente para que eu desligasse. Deixei o celular de lado ignorando todos os emails do trabalho.  Eram quase uma da madrugada, o que significa que eu tenho apenas cinco horas de sono. Fechei meus olhos, e disse a mim mesma que era só por mais cinco segundinhos antes de levantar e ajeitar a bagunça que eu fiz pela manhã.

[...]

Não foram cinco segundos, e eu estava atrasa. Muito atrasada.

— Merda! Merda!

Secretária Quinn. (SERÁ RETIRADA EM BREVE)Onde histórias criam vida. Descubra agora