Quatro

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No outro dia acordei assustada. Havia gritaria, Owen e Adele discutiam. Estranhei o fato dele ter chegado tão cedo de viagem. Olhei para o relógio que ficava ao lado da minha cabeceira e me assustei pela segunda vez nesse dia, pois já eram um pouco mais de 10:00 horas da manhã. Arregalei os olhos. Levantei em um pulo da cama e corri para o banheiro, tomei um banho rápido e saí com a toalha enrolada em volta do meu corpo. Batidas eram deferidas contra a porta, porém eu estava apenas de toalha e não poderia abrir naquele momento.

— Amélia! — Sua voz era impaciente. — Abra a porta!

Cumprimi os lábios.

— Estou apenas de toalha, senhora. Assim que terminar de me vestir eu saio.

— Eu disse agora!

Fui até a porta e destranquei.

Adele me encarou furiosa, nem parecia a mulher da noite passada. Ela entrou e fechou a porta atrás de si.

— Tanto atraso e não teve tempo de se vestir?!

— Sinto muito, não sei o quê aconteceu. — Fui sincera, essa é uma das primeiras vezes em que me lembro de ter atrasado.

— Você tem cinco minutos para se vestir!

— Certo. — Assenti, porém ela continuou parada na minha frente. — Hm, pode me dar licença?

Adele arqueou as sobrancelhas como se até mesmo ela não tivesse se dado conta. Ela parecia estar com os pensamentos muito longe, raramente te via sem maquiagem ou com roupas simples. Adele ainda vestia pijama, o cabelo estava preso em um coque desajeitado e em seus olhos possuíam um pouco de olheira. Talvez ela tenha acabado de acordar.

— Senhora, está tudo bem?

Seu olhar pairou sobre o meu.

Ela entreabriu a boca uma vez ou outra para me responder, seu marido exclamou seu nome desviando a sua atenção. Então a minha pergunta foi ignorada com sucesso. Após me retirar, comecei a vestir meu uniforme.

(...)

— Esse café está horrível! — Empurrou o copo para longe. — Faça outro.

— Achei que ficou muito bom, Amélia, obrigado. — Owen retrucou sem tirar os olhos de mim.

Sorri em forma de agradecimento.

— Vou preparar outro café, senhora. — Avisei retirando a xícara do seu campo de vista.

Retornei alguns minutos depois com outra quantia generosa de café.

Adele experimentou.

— Agora está muito doce! — Fez uma careta. — Eu queria sem açúcar, Amélia, sem açúcar!

— Deveria ter informado isso antes dela preparar.

— Cala a boca, Owen. Estou morrendo de dor de cabeça, não preciso de você me amolando.

— Vou preparar outro.

— Deixa.

— Não, eu posso preparar um café mais forte dessa vez. — Me aproximei.

— Pode deixar, Amélia.

Segurei a xícara.

— Volto rapidinho.

— Já disse que não quero! — Exclamou me fazendo derrubar a xícara com o susto.

Owen protestou contra a atitude de Adele.

A mais velha massageava suas têmporas sem paciência.

— Vou buscar um pano para limpar... — Falei em um tom quase inaudível.

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