Dezessete

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Segunda-feira.

A semana começou movimentada. Quando acordei e fui me trocar, já era possível ouvir a voz de Owen pelos corredores da mansão. Revirei os olhos automaticamente. Tomei banho, vesti o meu uniforme e prendi o meu cabelo em um rabo de cavalo alto, duas mechas de cabelo soltas na frente e para finalizar uma maquiagem leve. Coloquei a mão na porta, girando a maçaneta e indo em passos largos para iniciar a minha rotina. Dei de cara com Owen antes mesmo de alcançar a cozinha.

— Bom dia, Amélia.

— Bom dia, senhor. Precisa de alguma coisa?

— Sim! Adiante o café da manhã para deixar a mansão livre, hoje começará as entrevistas com os candidatos para a vaga.

— Tão rápido? — Arqueei as sobrancelhas.

— Adele me mandou uma lista com os candidatos e enviamos um email para a entrevista. — Passou por mim sem esperar uma resposta ou um segundo questionamento que obviamente não era da minha conta.

Respirei fundo indo até a cozinha.

Comecei a preparar o cardápio de hoje, algo rápido de preparar, porém não muito simples. Owen era enjoado com essas coisas às vezes. Adele tendo a cafeína na mesa já era mais que o suficiente.

Enquanto espremia umas laranjas para fazer um suco, notei uma mão segurando uma rosa entrando na minha frente de surpresa. Os primeiros segundos se basearam comigo tomando um susto, depois que virei o rosto me deparei com Adele. Seu sorriso era cativante.

— Bom dia, amor. — Me entregou uma rosa.

— Não me chame assim, por favor. — Olhei para os lados meio paranóica. — Owen estava aqui por perto agora pouco, imagina se ele te ouve.

— Prefere que eu sussurre no seu ouvido? — Mordeu o lábio inferior.

Revirei os olhos aceitando a rosa.

— Ele está no escritório agora, não se preocupe. — Sorriu.

Retribui o sorriso. Inalei o cheiro agradável da rosa e agradeci, pegando um copo com água e guardando dentro para que não morresse.

Adele estava lindíssima em uma calça de alfaiataria preta, camisa social branca com alguns botões abertos, salto scarpin e cabelos soltos. Quem diria que uma mulher dessa me presentearia com flores pela manhã?

— Você é tão fofa.

— Não sabia se iria gostar...

Me virei para continuar o que estava fazendo.

Adele abraçou a minha cintura por trás, desabotoando a minha calça. Arregalei os olhos. Ela segurou meus braços me levando em um canto livre, curvando meu corpo contra a pia.

— Céus, Adele... Não quero nem imaginar se o Owen vê a gente.

— Então sejamos rápidas, querida.

Foi quase impossível negar com a forma incisiva que ela abordou.

Escorou seu corpo contra o meu, enfiando a mão dentro da minha calça e em seguida passando pela calcinha. Mal começamos e eu já estava sentindo a umidade entre as minhas pernas. Adele me masturbava com pressa, virava meu rosto e me beijava de forma faminta. Sua mão livre apalpou meu seio com força, prendi meu corpo para trás e gemi com a velocidade que ela me tocava.

— Shiuuu, não queremos que ele te ouça.

Tampei a minha própria boca para abafar o meu gemido.

Meu nível de excitação era grande e quando atingi o orgasmo, senti minhas pernas querendo falhar pela pressão. Adele tirou a sua mão de dentro de mim, me virou em um movimento rápido para que eu não perdesse a cena dela chupando os seus dedos. Enfiou novamente sua mão dentro da minha intimidade, os tirou coberto pelo meu mel. Sem desgrudar os seus olhos dos meus, Adele voltou a chupá-los como se fosse a coisa mais gostosa que já tivera experimentado. Passou seu dedo melado contornando a minha boca, se aproximou passando a língua pelos meus lábios descaradamente. Após finalizar a sua provocação, senti sua língua entrar na minha boca, iniciando um beijo molhado. Antes de se afastar, mordeu levemente meus lábios.

(...)

— Pode tirar o dia de folga, Amélia. — Owen avisou na mesa enquanto tomava café.

Tentava não encarar a imagem de Adele, de repente tudo me dava a impressão de que Owen descobriria sobre nós.

— Sério?

— Sim, nós vamos estar muito ocupados hoje, não vamos precisar de nada durante o dia todo. — Adele informava.

— Obrigada.

— Já sabe o que vai fazer com o seu dia livre? — Owen perguntou descontraído.

Pensei um pouco.

— Não sei, acho que vou sair um pouco com a Lili.

— Com a Lili? Você vive com essa garota pra cima e pra baixo.

— E o que tem, Adel? É normal na idade dela querer passar a maior parte do tempo com as amigas.

— Seria bom se fosse amigas no plural. — Passava geleia na torrada com tanta força que ela acabou partindo no meio. — Mas é sempre essa querida.

Arregalei os olhos e Owen te encarou com um ponto de interrogação na testa.

Céus, Adele, essa não era a hora! Pensava.

— Na verdade, a Lili é a minha única amiga, senhora.

— Quando nos conhecemos você também vivia grudada com uma amiga da faculdade...

— Uma amiga da faculdade? — Franzi a testa. — Eram muito próximas?

— E se eram! Quando uma delas ia na casa da outra para dormir, passavam dias, pareciam até que moravam juntas.

Olhei para Adele que mordeu sutilmente a sua torrada.

Estava explicado toda a sua experiência com mulheres, certamente Adele não viveu uma vida toda como hétero.

— E graças a ela que nos conhecemos, querido. — Fez uma careta como se quisesse fugir logo daquele assunto. — Amélia, não quer buscar mais um pouco de café?

Olhei sua xícara com uma cara de poucos amigos.

— A sua xícara ainda está cheia, senhora.

Adele engoliu a torrada no seco.

— Mas eu quero mais. — Forçou um sorriso.

Estreitei os olhos.

— Vocês duas são as mulheres mais estranhas que já conheci. — Owen afirmou balançando a cabeça para os lados.

Entrei na cozinha pegando o bule de café, antes encarei a imagem da minha rosinha, peguei ela em minhas mãos e comecei a caçar algumas memórias na minha cabeça. Desde que me conheço por gente e que comecei a ter mais noção das coisas, sempre presenciei uma solidão entre Owen e Adele. Ela vivia sozinha e seu marido viajando, não é como se essa mania deles tivesse começado agora, sempre foi assim. Quando tinha cinco anos, lembro-me de ver Adele recebendo suas amigas na mansão. Elas se isolavam no quarto e ficavam horas e horas lá dentro, eu gostava, pois assim poderia ficar zanzando pela mansão sem a Bela Dama chamar a minha atenção. Mas acaso aquelas mulheres eram só suas amigas? Quando criança achava estranho que todas apareciam somente uma vez, depois sumiam e nunca mais ouvíamos falar. As visitas ocorriam depois que Owen embarcava em mais um avião. Minha mãe me fez jurar que nunca contaria a ninguém o que via na mansão, ela deixava claro que nada daquilo era da nossa conta e que precisávamos nos fazer de surda e cega se não quiséssemos ir embora.

Hoje em dia enxergo as coisas com mais clareza. Mas se Adele sempre gostou de mulheres, porque então se casou com um homem?

Independente de tudo, espero não ser apenas uma aventura passageira...

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