Oito

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Virei um tapa no rosto da velha. De repente a atração se voltou a minha pessoa, todos pararam de conversar para se dar conta do show que eu estava dando. Owen retornou à copa com Charles. Adele e suas amigas me encararam incrédulas.

— VOCÊS VIRAM? VIRAM? ESSA BASTARDA ME AGREDIU! — Exclamou escandalosamente.

O garçom passou novamente, peguei uma bebida e joguei na sua cara. Todos começaram a comentar entre si. Norma levantou a mão para me bater, Adele foi mais rápida e segurou o braço de sua "amiga." Em seguida ela agarrou o meu pulso com força, me levando para longe daquele local. Antes peguei um guardanapo, precisava fazer qualquer coisa para não manchar a roupa nova de Lili. Paramos na área da piscina.

Adele massageava suas têmporas andando de um lado para o outro.

— Você está ficando louca, Amélia!

— Aquela cobra que começou!

— Mas precisava ter batido nela?

— Ela jogou toda sua bebida em mim! — Apontei para a minha roupa. — Essa velha...

— Essa velha é a esposa do chefe do meu marido! — Me interrompeu.

— Não quero nem saber se ela é a presidente dos Estados Unidos da América, se ela me dar, ela vai levar!

Adele balançou a cabeça para os lados, segurando nos meus ombros.

— Owen trabalhou duro para conseguir chegar onde está, por sua culpa ela pode acabar se zangando ou até descontando nele. Tem noção das consequências?! — Exclamou. — Já chega com esse seu jeito, Amélia! Você faz as coisas sem ao menos pensar nas consequências, age como se fosse a dona do pedaço, responde como uma barraqueira e age como uma criança!

Senti meus olhos se encherem de lágrimas.

— Então, porquê a senhora simplesmente não me manda embora! — Gritei.

— É, talvez eu devesse. Te manter ao meu lado durante todos esse anos não estão me fazendo bem.

— Eu nunca te pedi nada.

— Não, mas sua mãe sim. — Me encarou seriamente. — Ela me fez prometer que cuidaria de você até que completasse a maior idade e se ajeitasse na vida. Eu estou tentando, Amélia, Deus sabe o quanto estou...

Me afastei dela bruscamente. Não me contive e comecei a chorar muitíssimo, pois suas palavras eram como facas em minhas costas. Olhei a situação na qual a roupa de Lili se encontrava e chorei ainda mais, ela nunca me perdoaria. Eu nunca me perdoaria por ter estragado o coquetel de Owen, a roupa chique de Lili e a vida de Adele.

A mais velha fechou os olhos com força como se ponderasse as suas próximas palavras. Ela começou a andar na minha direção novamente.

— Olha, Amélia...

— Sai de perto de mim! — Ao recurar meu último passo, acabei me desequilibrando e caindo dentro da piscina. E como sempre, a minha vida era simples, simples ao ponto de me dar conta que eu não sabia nadar. Senti meu corpo afundando aos poucos, ouvi o barulho de alguém mergulhando e antes de atingir o fundo da piscina, senti alguém envolver o seu braço ao redor da minha cintura. Me trazendo de volta.

Comecei a tossir feito louca, era uma sensação horrível. Adele deitou a minha cabeça sobre seu colo e começou a afastar o meu cabelo do rosto, de repente os convidados se aproximavam para ver o restante do show que eu estava produzindo.

— Calma, meu amor, tá tudo bem... Você está bem. — Me abraçou.

Quando nos afastamos, olhei em seus olhos e vi o quanto ela parecia preocupada. Fui me afastando aos poucos, os sapatos que estavam nos meus pés agora se encontravam perdidos em algum canto da piscina. O que facilitou para eu levantar e sair correndo daquele ambiente tão desconfortável. Minha primeira festa foi um caos. Entrei no meu quarto e ainda com lágrimas nos olhos comecei a esfregar a roupa que agora se encontrava manchada. Tirei o body para facilitar, ficando apenas de saia e sutiã.

— Limpa, por favor! Por favor! — Esfregava a rouba desesperadamente.

Não podia correr o risco de magoar mais uma pessoa, já não havia muitas pessoas à minha volta e às que eu tinha, não queria perder. Estou cansada de perder pessoas. Peguei um produto que tira manchas e apliquei na roupa, esfregando o máximo que podia, enquanto as lágrimas caiam feito chuva em meus olhos.

Alguns minutos depois, Adele abriu a porta. Ela me viu ajoelhada no chão esfregando a blusa.

— Meus Deus, Amélia, esse produto é muito forte. — Se aproximou. — É melhor fazer isso com uma luva, ele pode queimar a sua mão.

— Não me importa.

— Larga isso, Amélia! — Segurou com força as minhas duas mãos.

Olhei para ela.

— A Lili vai ficar tão chateada comigo! — Dizia com o tom de voz choroso.

— Calma, eu já vi esse conjunto em uma loja que frequento, amanhã a gente sai para comprar um novo.

Me levantei.

Passei a mão pelos meus cabelos visivelmente nervosa. Neguei qualquer tipo de ajuda que pudesse vim da sua parte. Tentei engolir o choro, abri meu guarda roupa e joguei minhas roupas sobre a cama.

— O que está fazendo?

— Estou arrumando as minhas coisas.

— Como assim arrumando as suas coisas? — Veio na minha direção. — Não seja dramática, Amélia.

— Já tenho idade suficiente, posso arrumar qualquer abrigo para passar um tempo e depois um emprego, eu me viro.

— Sabia que não era uma boa ideia ter te contado.

— Pelo contrário, foi ótimo, libertador!

— Olha pra mim.

— Só me deixa sozinha, Adele.

— Eu mandei olhar pra mim! — Entrou na minha frente.

Fiz conforme o seu pedido.

— Fala, só não pense que vai me fazer mudar de ideia.

Adele sorriu gentilmente.

Ela segurou meu rosto com cuidado e foi aproximando mais o seu rosto ao meu. Nos encaravamos com tanta intensidade. Meu coração estava acelerado, Adele estava tão próxima agora. Até que de repente ela celou os nossos lábios, o que era apenas um selinho se transformou em um beijo de verdade. Um beijo lento e sem nenhuma pressa, como se Adele quisesse explorar cada canto da minha boca. Ela posicionou a sua mão na minha nuca, aprofundando mais o beijo. Nos separamos apenas pela falta de ar.

Te encarei ainda boquiaberta.

— Vá tomar um banho, depois descanse, amanhã a gente resolve o assunto da roupa. — Me lançou uma piscadela. Foi até a porta do meu quarto e proferiu entre risos: — Finalmente eu te deixei sem palavras. — E se foi.

Toquei a minha boca com cuidado e involuntariamente um sorriso largo tomou conta do meu rosto.

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