Onze

122 17 3
                                    

Acordei com uma cara péssima devido a noite mal dormida (o que já estava virando hábito). Felizmente não me atrasei para levantar. Tomei um banho morno, coloquei o uniforme e sem muito ânimo deixei o meu cabelo solto. Adele não gostava que usássemos o cabelo solto durante o trabalho, porém me faria de sonsa, como se nunca tivesse ouvido essa regra. Passei uma maquiagem leve para esconder as olheiras. Sinceramente, ainda não estava com coragem para encarar a minha Bela Dama.

— Vou sair para uma viagem, mas ela será curta. — Owen avisou na mesa do café. Estava somente ele aqui embaixo, acaso Adele ainda dormia? — Durará apenas três dias e se tudo der certo, não terei que sair mais do país. — Avisava.

Estranhei, Owen não costumava contar os seus planos para mim. Às vezes ficava sabendo da sua rotina por acompanhá-los à mesa enquanto conversavam sobre assuntos de trabalho.

— Você deve estar se perguntando o motivo de estar te contando isso, não é mesmo? — Perguntou e eu logo assenti, o homem sorriu, tendo convivido tanto tempo juntos, era impossível não adivinhar o que se passava na cabeça um do outro. — Estou te avisando porque preciso da sua ajuda, Amélia, mesmo sabendo que isso não faz parte da suas funções.

— Pode falar. — Cruzei as mãos na frente do corpo.

— Preciso que cuide da minha esposa.

— Como?

— Bom, Adele anda muito estranha ultimamente... — Bebericou o seu café. — Hoje nem quis levantar da cama. Preciso que observe ela e descubra o que está acontecendo.

Novamente o ponto de interrogação se fez presente na minha testa. Resolvi apenas concordar.

— Pode deixar.

— Depois leve o café no quarto, ela não pode ficar sem comer. — Se levantou, ajeitando a sua gravata desajeitadamente. — Pode me dar uma mão? — Perguntou impaciente.

Me aproximei.

Enquanto ajeitava sua gravata, senti o seu olhar pairar sobre mim. Não me atrevi a levantar a cabeça para encará-lo, achava estranho qualquer tipo de aproximação nossa.

— Você fica muito bem de cabelo solto... Deveria usar mais vezes assim.

— A senhora Adele não gosta.

— Adele sempre foi cheia de complexos e regras sem fundamento, por mim você nem usaria uniforme.

Finalizei e em seguida me afastei. Não dei muita importância às suas palavras, como disse, não gostava de nenhum envolvimento do que simplesmente o profissional.

— Se me der licença, vou levar o café da senhora Adele.

— Faça isso.

Me retirei, fui até a cozinha preparar a bandeja que levaria ao seu quarto. Optei por um café preto com um pouco de adoçante que não poderia faltar, uma salada de frutas e torradas. Segurei firmemente a bandeja e segui em direção ao cômodo.

Abri a porta com a cintura, não conseguia usar as mãos agora. Quando entrei, Adele ainda dormia. Deixei a bandeja sobre a cabeceira ao lado e abri as janelas e cortinas, pois o quarto estava muito escuro.

— Senhora? — Chamei cutucando seu ombro. Observei seu rosto atentamente, céus... Adele era tão linda.

— Hm... — Resmungou.

— Senhora, acorde! Trouxe o seu café.

— Não quero.

— Acho melhor comer, ordens do seu marido.

A Bela Dama Onde histórias criam vida. Descubra agora