Yang-Na
À passos lentos e hesitantes vou até a porta, respiro fundo antes de perguntar quem é.
— Sou o Eunwoo, seu vizinho. — Eu respiro aliviada por não ter sido achada. Mas mesmo assim não fico tranquila, todo mundo sabe quem eu sou.
— Vi que alguém se mudou e trouxe um bolo de boas vindas. — Ele volta a falar quando vê que fiquei em silêncio.
— Não posso abrir a porta, estou com uma gripe muito contagiosa. — Forço uma tosse para fortalecer minha mentira.
— Ah tudo bem, vou deixar o bolo aqui na entrada, você pode pegar quando eu não estiver mais por perto. — Acho que minha mentira resultou.
Eu apenas concordo e uns dez minutos depois de tudo ficar em silêncio abro a porta, me abaixo e pego a travessa com uns cinco ou seis pedaços de bolo de chocolate. Tem até granulado de chocolate por cima. Parece estar delicioso.
Decido tomar um banho antes de comer, estou pegajosa pelo banho na praia.
Quando termino de tomar banho, finalmente decido ligar meu celular. Assim que ele liga, a chamada da minha mãe aparece na tela. Penso se devo atender. No fundo também estou magoada com ela. Magoada por ela ter escolhido meu pai desde o início. Sempre foi ele. Nunca eu.
Eu suspiro antes de finalmente atender.
Levo o celular até ao ouvido e meus olhos vagam pelo apartamento e por fim caiem no bolo.— Filha?
— Mãe... — Um nó se forma em minha garganta. Não deveria ter atendido.
— Como você está? — Eu suspiro passando a mão pelos cabelos.
— Nada bem mãe. Provavelmente perdi meu emprego e estraguei a carreira de alguém. — Um riso amargo escapa por minha garganta e eu desvio o olhar do bolo para a vista na sacada. Estou com lágrimas nos olhos.
— Eu não sabia que ele iria para lá, filha...
— Você nunca sabe mãe... — Eu suspiro. A frustração tomando conta de mim. Não quero ser rude com ela, mas poxa, estive toda minha vida em segundo lugar na vida dela. Mesmo quando as agressões e os abusos começaram, nunca foi uma opção para ela me pegar e ir embora para longe. Longe daquele agressor.
— Está chateada comigo? — Um riso nasalado e algumas fungadas são suficientes para lhe dar a resposta. Mas mesmo assim ela continua em silêncio querendo que eu confirme com palavras.
— Eu tenho que tomar banho. Tchau. — Minto.
— Filha...
— A gente se fala. — Encerro a ligação antes que ela diga mais alguma coisa.
Limpo minhas lágrimas e respiro fundo, eu havia dito que não ia chorar mais.
Ignorando o último acontecimento abro minha central de notificações e vejo várias mensagens e ligações.
Fazem exatamente 24h desde que desapareci. Meu Instagram está lotado com mais de 999+ mensagens por cima do ícone, eu apenas o desinstalo. Faço o mesmo com o Twitter.Tenho que comprar um cartão novo.
As mensagens de Jiyun me fazem querer responder, mas me seguro. Se lhe responder agora com toda certeza lhe direi aonde estou e não quero isso. Preciso clarear minha mente primeiro e entender esse turbilhão de sentimentos e emoções dentro de mim.• • •
Dias depois...
Desço a estrada íngreme que leva até ao meu apartamento, acabei de fazer as compras do mês. Estava precisando, estou comendo porcaria tem vários dias.
Cantarolo uma música calmamente enquanto carrego as inúmeras sacolas.
Quando já estou na fachada do prédio prestes a entrar, uma delas se rasga. Por sorte os produtos não rolam para muito longe.— Eu ajudo. — Levanto meus olhos e encontro um cara alto, moreno e de pele extremamente pálida. — Toma. — Ele me entrega as maçãs e sorri.
— Obrigada. — Recebo-as e coloco-as em um um dos plásticos que não está danificado.
— Sou o Eunwoo. — Ele diz se apresentando. — Você deve ser a nova vizinha do 111, não é? — Eu assinto.
— Seu bolo estava muito bom. — Digo dando-lhe um meio sorriso.
— Obrigado! — Ele parece realmente animado com meu Feedback. Eu abano as sacolas fazendo menção de que tenho que ir. — Ah, eu te ajudo. — Antes que eu diga alguma coisa, ele pega algumas sacolas das minhas mãos e entra no prédio.
No elevador Eunwoo faz perguntas básicas, nada muito intrusivo, e eu agradeço por isso.
Enquanto ele fala, me lembro de que não falei meu nome, mas ele não parece incomodado com isso.
Destranco minha porta, a abro minimamente, deixo as sacolas que eu já carregava no chão do lado de dentro e levo as que estavam em suas mãos. Depois me viro para ele. Não tenho nenhuma confiança para o deixar entrar na minha casa, vai que ele é um psicopata e mata mulheres que moram sozinhas? Nunca se sabe.
— Obrigada pela ajuda.
— Por nada, e espero que sua gripe tenha passado totalmente. — Eu arregalo levemente os olhos me lembrando da minha mentira.
— Ah, sim, sim. Passou já. — Ele assente.
— Bom, até por aí. — Ele acena se distanciando. Eu também aceno e fecho a porta a trancando logo em seguida.
Faz mais ou menos uma semana que estou aqui, meu celular continua desligado, só mandei uma mensagem para Jiyun avisando que estava bem dois dias atrás.
Aqui tem muita coisa para fazer, e desenhei vários modelos nos últimos dias, estou bastante inspirada. Por mais que eu não seja da equipe de designer na Jeon Enterprise, gostaria muito de fazer parte. Me formei em moda, mas acabei ficando na área de finanças. Sim nada haver com nada, mas foi o que deu.
Meu genitor acha que eu vivo uma vida regada à luxo, na cabeça dele eu trabalho como estilista para a Jeon Enterprise.
Por isso ficava cobrando – em dinheiro – muito de mim.Suspiro e começo a arrumar minhas recentes compras.
Nesse processo penso também que preciso arranjar um emprego rápido, minhas economias vão acabar e tenho que ter um salário para me manter.
Continua...
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Mds! Vocês estão com tudo mesmo, bateram a meta muito rápido!!
Nova meta: 10 votos e solto capítulo novo ;).
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O irmão da minha melhor amiga|Jeon Jungkook
RomanceFingir um relacionamento pode até ser fácil para alguns, mas não quando se trata de Yang-Na que por travessas da vida é obrigada a morar sobre o mesmo teto que seu arqui-inimigo e irmão de sua melhor amiga, Jeon Jungkook. O que pode acontecer quando...