Yang-Na
— Como assim um acidente? — Meu coração aperta e minha respiração acelera.
— Minha mãe me ligou agora. Ao que parece ele estava de moto e...e bateu contra um carro. — Um zumbido alto e forte toma conta dos meus ouvidos.
Não sei o que estou fazendo. Apenas pego um casaco, minha bolsa e vou até a porta colocar os sapatos. É tudo no automático. Minha mente não está aqui.
— O que está acontecendo? — Ouço quando alguém diz, mas não presto atenção, estou amarrando meus cadarços.
Nós levamos o carro de Jiyun e quem vai dirigindo é Eunwoo, é com ele que Jiyun estava falando na porta. Nenhuma de nós duas esta em condições para dirigir.
A medida que o carro anda, não posso deixar de sentir o amargor tomar conta da minha boca. E juntamente com ele, a culpa. Se eu tivesse aceitado passear com Jungkook nessa manhã ele teria sofrido o acidente?
Aperto minhas mãos em meu colo tentando me livrar desses pensamentos. Porquê no fundo sinto que sei a resposta, e ela não me deixa feliz.
A viagem à Seoul leva quatro horas de carro. São oito da noite, provavelmente chegaremos entorno da meia-noite. É tanto tempo!
Preciso saber se Jungkook está bem.
•••
— Coma!? — A palavra ecoa por minha cabeça diversas vezes. Não parece ser real.
— Doutor, por quanto tempo ele vai ficar em coma? — Jeon Somi – mãe de Jungkook e Jiyun – pergunta.
— Infelizmente isso só depende dele senhora. Não temos uma previsão, talvez uma semana, um mês ou até mesmo um ano. — O ar se tornou espesso demais. Não consigo respirar, me apoio em uma parede para não cair.
— Isso é tudo senhores, se houverem mais informações eu vos convocarei.
Aperto meus olhos para que as lágrimas não escapem. Não tenho o direito de chorar, não mereço!
Afinal não era isso que eu queria? Não queria que Jungkook ficasse longe de mim para ficar a salvo? Bem, parece que a vida arranjou outra maneira.
— Ele vai sair dessa. — Ouço o tio Jeon dizer para tia Somi.
É tão difícil acreditar nisso. Quero ser positiva e esperar o melhor, mas é difícil.
— Vamos tomar algo na cafeteria. — Eunwoo diz baixo para mim. Eu não reajo, apenas deixo que ele me leve pelo braço pelos corredores do hospital.
Ele me coloca sentada em uma mesa e vai até o balcão fazer o pedido.
Olho ao redor sem forças, até existir se tornou dolorido.
Eunwoo volta minutos depois e coloca uma garrafa de água à minha frente. Quando vê que não lhe toco, ele a abre, me dá e me olha até que eu pegue a garrafa.
— Você precisa parar de se culpar por tudo. — Um olhar que eu nunca vi vindo de Eunwoo é dirigido à mim. — O Jeon mais novo é adulto e sabe as coisas que faz. Foi uma decisão dele iniciar um namoro com você. Não deixe que a mídia estrague isso. — Engulo em seco. Ele não sabe que essa história é falsa.
— Quando chegou à Jeju você era tão calada e na sua! Com o passar do tempo pude conhecer a verdadeira Yang-Na. E sinceramente, não a vejo aqui e agora. É como se toda essa confusão tivesse te engolido. Não gosto disso. — Levanto meus olhos para ele. O olhar severo ainda continua em seu rosto.
— Eu só...não sei o que fazer... — Suspiro sentindo o choro vindo.
— Por isso estamos aqui, eu, a Jiyun e os seus sogros. Todos para apoiar uns aos outros nessa fase difícil. — Ele dá um gole em sua garrafa de água. — O mais triste é que a mídia está fazendo disso um circo de horrores. — Me lembro dos jornalistas na porta do hospital. Eram como abrutes esperando pela carne. E então eu cheguei, juntamente com Jiyun. Já até imagino as manchetes amanhã.
— Estão aqui. — Jiyun se senta na cadeira livre. Tia Somi se senta na outra e tio Jeon puxa uma da mesa ao lado.
— Queremos fazer o esquema de acompanhantes. — Tia Somi diz. — Um de nós tem que estar aqui quando ele acordar. — Eu olho para eles e depois para Eunwoo que sorri de lado. Era isso que ele queria me mostrar, que não estamos sozinhos. E que há esperanças. E o mais incrível, que ninguém nessa mesa me culpa pelo que aconteceu.
— Eu posso ficar aqui hoje. — Me ofereço.
— Ah não querida, nem você, nem Jiyun. A viagem foi cansativa, e está muito tarde. Vocês vão para casa descansar e amanhã voltam renovadas para começarmos a escala. — Tio Jeon diz.
Quero protestar mas assim que abro a boca, uma careta feia é dirigida à mim da parte da tia Somi.
— Vocês ficam lá em casa tá bom querida? — Eu assinto.
Organizamos a escala começando por amanhã ou melhor, hoje mais tarde. Eu me ofereci para passar a noite de amanhã.Claro que houveram muitos protestos, mas gentilmente me mantive firme em minha decisão.
— Vai ficar tudo bem querida. — Tia Somi me abraça enquanto nos despedimos. — Ele já passou por duas cirurgias só hoje, um coma vai ser moleza. — Seu sorriso reconfortante me faz lembrar de quando eu era mais nova. Tia Somi é como uma mãe para mim desde aquela época.
— Ele é forte. — Eu digo.
Nos despedimos e novamente usamos o carro de Jiyun, Eunwoo vai dirigindo até a mansão dos Jeon.
Ninguém fala nada, sei que apesar de tentarmos ser positivos, a sombra do medo de Jungkook não acordar persegue à todos nós.
Puxo Jiyun para um abraço. Sei o quanto ela e Jungkook são ligados, mesmo implicando um com o outro.
— Também quero o abraço. — Eunwoo comenta nos olhando pelo retrovisor.
— Dirige, Eunwoo.
Sinto minha blusa ficar molhada, eu sabia que estava demorando para ela chorar. Jiyun é a menos chorona e a mais forte de nós duas. Mas tem momentos – como esse – em que é impossível se manter forte. Nem eu, nem ela falamos nada, apenas ficamos ali confortando uma à outra.
Continua...
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O irmão da minha melhor amiga|Jeon Jungkook
RomanceFingir um relacionamento pode até ser fácil para alguns, mas não quando se trata de Yang-Na que por travessas da vida é obrigada a morar sobre o mesmo teto que seu arqui-inimigo e irmão de sua melhor amiga, Jeon Jungkook. O que pode acontecer quando...