A casta e pura Hinata

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Bordando em silêncio Hinata às vezes olhava temerosa para o lado, onde seu pai se encontrava sentado em sua poltrona favorita lendo um livro. Embora compreendesse a busca de um bom partido para sua irmã, Hinata ansiava para o retorno de sua mãe e Sakura, pois não gostava de ter que ficar tantos dias tendo como única companhia seu severo pai, sentia que ao menor movimento poderia desagrada-lo e receber um olhar duro de desgosto. Durante a semana conseguia tolerar já que passava praticamente o dia todo no convento ou recebia a visita de Tenten, mas nos fins de semana, quando seu pai passava o dia todo em casa, só tinha permissão para participar da missa e depois devia ficar o resto do dia em casa no que seu pai classificara como momento de ter a família reunida. Para seu azar Tenten não suportara os olhares atravessados de Hiashi toda vez que falavam um pouco mais alto ou riam e deixara claro que nesses dias só pisaria os pés na mansão Hyuuga quando Kurenai estivesse presente, por não gostar de Sakura também não fizera questão da presença da rósea. Nem mesmo os empregados se atreviam a passar diante do senhor Hyuuga. O silêncio que rodeava Hinata era tanto que tinha a impressão que iria sufocar. O pior era que as horas pareciam não passar nunca.

O sino da porta tocou e Hinata segurou a vontade de correr para atender a porta, o que colocaria uma expressão de censura no rosto de seu pai, preferindo fingir que toda sua atenção se encontrava fixada no bordado em suas mãos e não na servente que se encaminhou para abrir a porta. Porém assim que reconheceu Kurenai e Sakura na porta não se segurou mais e emocionada foi ao encontro da mãe e da irmã.

– Que bom vê-las!- Abraçou a irmã e depois a mãe. - A que horas chegaram?

– Ha pouco. - Respondeu Kurenai ainda abraçada a filha caçula.

– Não encontramos um coche na praça e tivemos que vir andando. - Sakura reclamou mal-humorada, se encontrava cansada e suada devido à caminhada.

Caminhou até Hiashi e com espontaneidade o abraçou.

– É muito bom revê-lo, pai.

– Também é bom revê-la, Sakura, embora já saiba das más notícias. - Hiashi voltou a se sentar a espera que suas filhas e esposa fizessem o mesmo.- Que defeito encontrou nos pretendentes dessa vez?

Com altivez, Sakura ajeitou a saia ampla do vestido de veludo rosa claro com adornos dourados e decote ousado antes de se sentar no sofá e retirar calmamente de sua cabeça o grande chapéu feito do mesmo tecido e enfeitado com grandes penas douradas, deixando a mostra o cabelo rosado preso em um coque com alguns cachos descendo delicados até os ombros.

– A verdade é que nenhum era rico o bastante para fazer parte da nossa família. - Se queixou retirando as luvas e o chalé antes de olhar para Hiashi com seu melhor sorriso.- Não quero me casar com um inútil que gaste toda a nossa fortuna.

– Entendo. - Hiashi disse simplesmente antes de mudar de assunto.- E como está Neji?

Pela expressão de seu pai, Hinata podia garantir que Sakura o desagradara com suas palavras, mas como sempre Hiashi não foi severo com sua irmã mais velha como era com ela, sentia um pouco de ciúmes do tratamento diferenciado que sua irmã recebia, sem reprimendas ou olhares de insatisfação. Respirando fundo para apagar aquele sentimento ruim em relação à forma que seu pai tratava sua irmã, Hinata voltou sua atenção ao que Sakura falava.

– O primo Neji está muito bem, prometeu que logo vem nos visitar.

– Que bom... - Hinata disse empolgada para logo depois, ao notar o olhar de desagrado de seu pai, se explicar mais contida.- Seria ótimo que esteja aqui para meu casamento.

Ante as palavras de Hinata, um relampejo de inveja passou pelo olhar de Sakura e com estudada feição contente, a sensual moça informou.

– Nós vimos Naruto na capital, na casa do nosso primo e dos Alberti.

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