Veremos

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Em silêncio, Kurenai observava o marido tomar o café da manhã, a solidão fazendo-se presente apesar da presença dele. Hiashi chegara minutos antes, a roupa em desalinho, sustentava sinais de que não dormira muito e uma marca arredondada vermelha no pescoço, entrara na sala de jantar, a ignorara e pedira que Kin o servisse.

Anos sendo uma boa esposa, mãe e dona de casa, e nada disso era suficiente para manter o marido fiel a ela. Qualquer desagrado e ele sumia durante várias noites e quando aparecia a ignorava. Era o esperado, o mesmo ocorrera com seu outro marido. Pousou o guardanapo sobre a mesa, a fome esfarelada. Tinha algo mais importante a fazer do que se alimentar e lamentar sua sorte.

— Hiashi... — O marido sequer levantou a cabeça ou parou de cortar a panqueca, mas Kurenai se forçou a continuar dessa vez utilizando algo que atrairia o interesse dele: — Kushina nos fez um convite irrecusável.

Hiashi deixou a comida de lado, talheres colocados devagar ao lado do prato de sobremesa, olhos de gelo fitando Kurenai e uma ruga formando-se na testa masculina. Agora tinha atenção total do marido e a aproveitaria.

~*S2*~

Também tomando o café da manhã, o clima na casa dos Uchiha não se diferenciava muito do lar dos Hyuuga, embora a pessoa em completo e soturno silêncio fosse à esposa. Sasuke observava Hinata picotar o pão e deixar os pedacinhos no canto do prato, sem jamais levar um à boca, a expressão introvertida e o mutismo maior que os das outras vezes que compartilhavam a mesa.

— O que te incomoda? — questionou colocando a mão sobre o braço dela, apertando-o carinhosamente.

Hinata soltou o pão, as mãos repousando apertadas sobre a mesa. Pesou por um momento o que falar, questionando-se se era melhor desviar do assunto, poupando-se dos problemas que viriam, mas o olhar intenso de Sasuke exigia honestidade.

— Tenho um problema... com Ino — confessou, cansada de guardar para si as constantes ofensas da protegida de seu marido. — Me dá pena, mas não se comporta bem comigo — Hinata disse de fato consternada. — É insolente, especialmente quando há outras pessoas por perto.

Sasuke crispou o cenho, concluindo, não pela primeira vez, que Ino jamais cansaria de aprontar das suas.

— O que ela fez? — perguntou movendo a mão até pousa-la sobre a dela.

— Ontem á tarde, quando voltamos do passeio com Sakura e Naruto, fui à cozinha pedir as bebidas, e havia um jovem que eu não conhecia.

— Quem? — questionou tenso, temendo que a jovem tivera a audácia de trazer um desconhecido a casa somente para escandalizar Hinata.

— Se chama Konohamaru.

— Eu o conheço muito bem — Sasuke informou tranquilizando-se.

— Sim, mas ela não me disse. Só contestou arrogante que era um amigo seu. E quando lhe disse que antes de trazer convidados á casa tinha de pedir permissão, respondeu que ela não necessitava pedir nada. Então, o rapaz, notando meu embaraço, apresentou-se — contou, sentindo os dedos de Sasuke se fecharem com força em volta dos seus. — Eu me senti muito incomodada porque sei que ela quis fazer alarde, diante de Konohamaru e Temari, de que não me deve nenhuma consideração. E esse é só um de vários casos. Sempre que entro em um cômodo, ela sai. Responde-me com total falta de educação e respeito — completou, analisando os traços fortes de seu marido, incerta se ele ficaria de seu lado ou defenderia a jovem.

— Porque não me disse antes? — ele reclamou mortificado por só agora saber que sua esposa estava sendo destratada no próprio lar: — Falarei com ela.

— Não quero seja demasiado duro com ela — Hinata pediu, pois compreendia o motivo da antipatia da loira. — Creio que está com ciúmes.

— Pode estar o ciumenta que queira. Não permitirei que lhe falte ao respeito — exprimiu com fúria. — Sei como trata-la. Não permitirei que te falte. — Apertou a mão pequena com carinho, o tom de voz suave ao recomendar: — Não gosto que me esconda às coisas. Passe o que for, quero que me diga imediatamente. Agora me pertence, se alguém te ofende, me ofende também, entende?

Coração SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora