Dê-me força

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Chouji comia tranquilamente quando Sakura e sua fiel empregada Kin entraram na cabana de Sasuke. Pelo jeito teria de adiar a melhor parte do seu dia, a hora de comer.

– Onde está Sasuke?

– Ainda não retornou. – Comunicou sem coragem de tirar os olhos do garfo que sustentava a poucos centímetros da boca.

– Ele me disse que voltaria em uma semana, e hoje faz oito dias que se foi! – Resmungou a rósea irritada com a falta de notícias.

– Às vezes passa mais tempo. – Chouji disse antes de se entregar ao prazer de levar a comida à boca. – Quando aparecer, direi que a senhorita deseja vê-lo. – Informou com a boca cheia fazendo Sakura o encarar com nojo.

Sem paciência com a total falta de modos do amigo de Sasuke, Sakura praticamente correu porta a fora arrastando Kin pela mão.

– Vamos, Kin!

Todos os dias, por mais que tentasse evitar, Sakura não conseguia parar de pensar no Uchiha, de desejar que retornasse o quanto antes para se amarem uma vez mais. Queria saber onde estava e, principalmente, com quem. Chouji nunca dava sequer uma direção exata de onde o Uchiha poderia estar no momento, ou qualquer novidade do porquê de tanta demora. Além de temer que tivesse sido preso ou coisa pior, o que mais a preocupava é se Sasuke estaria sozinho ou acompanhado. Só de imagina-lo nos braços de outra mulher sentia um ciúme irracional. Sasuke lhe pertencia e a ninguém mais.

Pior que sua insegurança a respeito do Uchiha, somente as horas que passava ao lado de sua mãe. Kurenai, que deveria estar contente pelo enlace de sua filha mais velha com um homem rico, não conseguia nem ao menos disfarçar a infelicidade pelo destino da caçula. Tinha de segurar a vontade de gritar de ódio toda vez que Kurenai reclamava por horas a dor que sentia ao pensar em Hinata. Nem mesmo encerrada em um convento sua irmã parava de ser o centro das atenções.

Afastou os pensamentos da doce, virtuosa e sempre correta Hinata, e se concentrou no caminho a sua frente, uma área afastada a poucos metros da estrada que levava a um bairro pobre de São Pedro. Demorou certo tempo até visualizar uma moradia humilde e decadente, escondida por árvores altas, que possuía um jardim pequeno, porém sortido de ervas.

Cobriu a cabeleira rósea com uma echarpe azul, que combinava com a saia de sua roupa de camponesa, e penetrou na moradia de Chiyo, uma curandeira famosa por seus remédios a base de ervas. Ao ver-se frente à velha, que preparava algo em uma pequena vasilha, pediu disfarçando a entonação da voz.

– Necessito de mais remédio para a minha amiga. Dessa vez quero um frasco maior, pois o outro acabou muito rápido. – Informou olhando com repugnância a casa velha e pequena. Era metade de seu quarto.

Chiyo se voltou para a rósea e sorriu mostrando a falta de alguns dentes. Conhecera a rósea há um mês por intermédio de Kin, de início ficara impressionada com a beleza da jovem, porém se impressionara ainda mais com a falta de caráter. Era impressionante que a jovem ainda persistisse em mentir.

Via através das pessoas, conseguia saber tudo somente após alguns minutos no mesmo ambiente. Aquela jovem transmitia vibrações negativas o tempo todo. Falsidade, traição, luxúria e ódio, muito ódio a rodeava. Em vez de somente entregar um grande frasco de "cabeça de nego", como fazia naquele momento, desejava aconselhar a jovem a não trilhar pelas veredas do mal como fazia. "Tudo que vai volta um dia, bela dama", pensou ao olhar nos olhos verdes e ver através deles toda dor que causavam e ainda causariam na vida de outras pessoas.

– Continue a tomar todos os dias meia colherada em um pouco de água. – Disse por fim.

– Já te disse que não é para mim!

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