Eu também

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Em Campo Real, Ebisu foi despertado por batidas ansiosas em sua porta. Refazendo-se do despertar abrupto, seguiu até a entrada exigindo paciência. A abrir a porta irritou-se em ver Orochimaru parado a sua frente, engomadinho e com um sorriso presunçoso nos lábios finos.

— Está sozinho? — o comparsa perguntou entrando sem cerimônia na humilde habitação.

— Sim — respondeu seco, incomodado pela visita aquela hora. — Faz tempo que não aparece. Onde estava?

— Em São Pedro — Orochimaru informou caminhando até a pequena cozinha pra se acomodar em uma das quatro cadeiras de madeira. Com um brilho burlesco nos olhos ofídios, Orochimaru tirou do paletó um envelope branco, depositando-o sobre a mesa corroída. — E trago muitas novidades.

— Novidades de quem? — Ebisu questionou observando o envelope com curiosidade.

— Descobri que Sasuke Uchiha e a esposa do teu patrão são amantes.

Ebisu soltou um esgar de pouco caso, um gesto que deixava evidente que aquilo não era novidade para ele, e causando um olhar surpreso no outro.

— Já o sabia?

— Mais ou menos. Os vi em um encontro na fazenda, e ouvi o que conversavam.

— E porque não me disse? — Orochimaru reclamou, perguntando-se o que mais o capataz de Campo Real sabia da família Uzumaki e ocultava dele.

— Porque sou direito e os assuntos dos patrões são dos patrões.

Orochimaru revirou os olhos, exasperado com a submissão cega de um de seus comparsas.

— E de que te serve ser fiel como um cão? — questionou, pontuando com grosseria. — Dona Kushina te defendeu quando o filho te tirou o cargo de administrador?

— Não colocaram outro e sigo mandando — Ebisu recordou ofendido com a forma que Orochimaru se referira a sua "fidelidade" aos Uzumaki.

— Mas, até quando? — Sem surpresa, viu Ebisu empalidecer. O capataz era um homem fraco, sem personalidade ou vontade de crescer financeiramente na vida, mas Orochimaru necessitava dele se queria lucrar com a descoberta de Gaara. — Alguém muito importante, cujo nome não posso dizer, quer que seu patrão saiba que sua mulher o engana com Sasuke Uchiha.

— Por quê? — questionou cruzando os braços e fitando o amigo com desconfiança.

— Para fazer um favor ao senhor Naruto.

— Favor? Duvido que o senhor Naruto agradeça — zombou.

— Pois duvido que goste de saber que esconderam isso dele. Imagine o que fará se descobre que você sabia — jogou observando satisfeito Ebisu engolir em seco. — Bem, mas antes de contar, creio que podemos tirar proveito da situação.

— De que jeito?

Colocando os longos e magros dedos sobre o envelope, Orochimaru o empurrou até Ebisu.

— Entregue essa carta à dona Sakura. Leia se preferir — ofereceu ao ver Ebisu virar o envelope de um lado para o outro com desconfiança. — Nela digo que sei tudo, peço uma boa soma em dinheiro e que me procure no La venta. Não se preocupe, não menciono seu nome. Depois de pegar o dinheiro, posso te deixar a honra de contar tudo ao seu patrão. Talvez, em agradecimento, o senhor Naruto devolva seu posto de administrador.

— Bom e se a senhora Sakura não for ao La Venta?

— Se foi mesmo amante de Sasuke Uchiha, ela irá.

Interrompendo a conversa, evitando com isso a possível resposta de Ebisu, Shion entrou na casa, parando surpresa ao ver Orochimaru. Como sempre, o simples olhar daquele homem em sua direção foi capaz de causar calafrios na jovem, pois, toda vez que o encontrava, ele a inspecionada atentamente de cima a baixo como se fosse um produto a venda. Ocultando sua aversão, cumprimentou rapidamente o amigo do tio antes de dizer o motivo de sua entrada.

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