Sensatez e paixão

55 1 0
                                    

Em cima de seu cavalo malhado de preto e marrom e com o olhar perdido na plantação de cana, Naruto sorriu ao imaginar que dentro de um mês estaria com sua noiva ao lado.

– Pensando em Sakura de novo?

Riu ao voltar-se para o amigo ao seu lado, que estava montado em um cavalo marrom.

– Estou contando os dias para que seja ela a me acompanhar todas as manhãs.

– Acha mesmo que Sakura aceitaria fazer isso?

– Não, mas não custa sonhar. – Comentou bem humorado.

Aos poucos percebera que a vida no campo não fazia o estilo da noiva, que adorara os passeios e compras na capital e não aguentara sequer um dia de visita em Campo Real há duas semanas. Contava com o auxílio de Kushina para que Sakura se habituasse à vida pacata da fazenda. Respirou fundo ao recordar as conversas que tivera com sua mãe, que a cada dia desaprovava ainda mais a personalidade de Sakura e comentava que Hinata teria sido uma escolha mais sensata. Como se sensatez e paixão andassem juntas. Por mais que Hinata tenha sido "treinada" para ser sua noiva, era a espontaneidade de Sakura, seus olhos vivazes e lábios que prometiam o paraíso que o atraiam.

Gritos o tiraram de seu devaneio e rápido galopou na direção de um grupo, formado por cinco homens, entre eles Ebisu, a poucos metros de onde estavam.

– O que houve?

Ebisu, cuja mão sustentava um chicote, apontou para um homem de cabelo vermelho que amparava um ancião.

– Esse velho estava desobedecendo minhas ordens, vim aplica-lhe uma lição e o rapaz se colocou na frente.

– Ele está exausto, por isso pedi que parasse por alguns minutos. – Informou o jovem ignorando Ebisu e focando seus olhos agua marine em Naruto. – A culpa é minha, senhor Uzumaki, portanto quem deve ser castigado sou eu.

Naruto crispou os lábios.

– Leve seu amigo para casa e depois volte ao trabalho, entendido?

– Sim, senhor! – Concordou o jovem.

– Ajude-o. – Ordenou para os dois homens que acompanhavam Ebisu.

Observou os homens se afastarem, o ancião mal conseguindo se manter em pé, e só quando teve certeza que somente Ebisu e Kabuto poderiam ouvi-lo questionou irado.

– É dessa forma que administra a fazenda? Com violência?

– Senhor, como capataz e administrador, tenho que impor respeito.

– Meu pai jamais precisou agredir ninguém para ser respeitado.

– Eram outros tempos. Temos poucos trabalhadores, a maioria velhos, precisamos coloca-los para trabalhar ou a colheita não acontece. – Justificou o capataz ajeitando seus óculos escuros antes de acrescentar. - Aquele rapaz só causa desordem, tem até um irmão criminoso.

– No entanto teve a decência de perceber que aquele senhor precisava de descanso, enquanto você queria açoita-lo como um animal. – Retrucou sentindo o sangue ferver nas veias. – Só não o expulso pela consideração que minha mãe tem por você, mas se fizer algo semelhante novamente garanto que não serei clemente. – Sem esperar qualquer reação de Ebisu, voltou a montar em seu cavalo e se afastou.

– Esta terra está sento levada com sangue e violência. – Resmungou após um tempo galopando, quando sua raiva parecia ter se esvaído. - A pobre gente trabalha de sol a sol com um salário miserável.

– Mas graças a eles você é rico, não? – Lembrou Kabuto, que preferira não comentar que a atitude de Ebisu tinha sido correta.

Naruto respirou fundo, as lembranças de seu pai vívidas.

Coração SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora