Pertencia

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Os olhos aquamarine observavam cada detalhe da casa luxuosa com fascinação e curiosidade enquanto era escoltado pela casa dos Uzumaki no povoado. Nem mesmo na fazenda tivera permissão para adentrar a casa grande, tornando aquele momento ainda mais intrigante e pavoroso.

O empregado, o mesmo que o buscara na fazenda de manhã, abriu uma porta e indicou que entrasse, fechando-a após a passagem do Sabaku.

Gaara olhou desconfiado para o sorridente homem sentado atrás da escrivaninha. Vira o pomposo homem de cabelos grisalhos diversas vezes em Campo Real ao lado de seu patrão, Naruto. Kabuto Yakushi sempre agira como dono da fazenda quando o Uzumaki não estava por perto, como naquele momento, com as mãos unidas sobre o colo, o olhar altaneiro sobre ele, sorrindo de ponta a ponta.

— Como vai...?!

— Gaara Sabaku, senhor — apresentou-se ao perceber - sem a menor surpresa - que o outro desconhecia seu nome. — Estou bem, senhor — respondeu apenas por educação, duvidava que ele quisesse realmente saber. — Em que posso ajuda-lo, senhor? — questionou, tanto por hábito quanto por duvidar que fora transportado de Campo Real até São Pedro para conversar sobre como estava.

— Sente-se!

Gaara fez o que lhe foi pedido, o corpo tenso afundando na macia poltrona de couro marrom, as costas e mãos sujas de terra e pó não se encostando ao móvel por receio de macula-lo e ser repreendido.

— Soube que sua irmã conseguiu um trabalho na casa de Sasuke Uchiha.

— Sim, senhor — respondeu, o olhar baixo fixo no tampo de madeira polida. — O senhor Uchiha a contratou para servir a senhorita Hinata — contou satisfeito com a nova vida da irmã.

— Está duplamente grato á Hinata Hyuuga, futura senhora Uchiha, imagino.

Erguendo o olhar pela primeira vez, Gaara o encarou e assentiu.

Ainda lembrava-se da moça de olhos de lua que o salvara da morte, a jovem cuidando de seus ferimentos e prometendo justiça. Um anjo o salvou e agora fazia o mesmo por sua irmã, recuperando Temari do horror e sofrimento dos últimos anos ao oferecer um futuro melhor.

— Tenho uma oferta que lhe dará muito dinheiro e a liberdade do seu irmão, preso injustamente ao proteger a honra de sua irmã. — Kabuto ajeitou os óculos e acomodou-se ainda mais na poltrona, os pés apoiando-se na escrivaninha. — Além disso, poderá retribuir a ajuda de Hinata, libertando-a da vida ao lado de um bandido. — Observou com atenção o rapaz maltrapilho a encara-lo com desconfiança e interesse. — O chefe de polícia soltara seu irmão se conseguir provas de contrabando que causem a prisão de Sasuke Uchiha. E eu lhe darei muito dinheiro por informações pessoais da família.

— Senhor, não sou a pessoa certa para esse serviço — Gaara recuou. Podia não simpatizar com o marido de sua salvadora, mas o antigo administrador demonstrara respeito aos empregados de Campo Real e contratara sua irmã apesar do passado dela. Prejudica-lo era errado.

Kabuto notou que o jovem ruivo titubeava, certamente com medo de enfrentar o homem que todos declaravam – tolamente - ser filho do diabo.

— Aceitando minha proposta terá dinheiro suficiente para comprar uma choupana no povoado e tirar sua família de Campo Real — insistiu, jogando sobre a mesa sua última e valiosa cartada. — Pense no bem estar da sua irmã caçula. Sabemos o que Ebisu faz com garotinhas bonitas quando alcançam certa idade.

Ao notar que Kabuto falava de sua prima Matsuri, frio líquido se alastrou pelas veias do ruivo.

O amigo de Naruto Uzumaki não era um homem bom e honrado, os empregados da fazenda percebiam a ganância impregnada no Yakushi e ninguém estranhou a amizade dele com o capataz. Por isso, Gaara surpreendeu-se com a ameaça velada, porém não duvidou que o grisalho a cumpriria.

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