Proposta

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Em sua casa, sentada de frente para a fonte de sua infelicidade, Hinata conversava com Sakura sobre o capitão da guarda, revoltada por ele não permitir que visitasse o marido e o acusar de graves faltas.

— Recusou-me a crer. Sasuke não matou esse homem e tampouco é culpado de contrabando, pois ele me assegurou... — disse contendo a custo o choro, não percebendo o despeito nublar os olhos de sua irmã. — Porque não me deixam vê-lo — queixou-se dolorida.

— Já o verá — Sakura apaziguou cansada dos choramingo da outra. Só continuava ali na esperança de que, sendo Hinata a esposa, logo apareceriam com informações sobre Sasuke. — O importante é que sua ferida não foi grave.

— Isso foi o que disseram — Hinata concordou descrente, pontuando suas dúvidas: — Mas, em que condições estará realmente? Terão o atendido, cuidado?

— Naruto seguramente pediu que o cuida-se.

Hinata queria acreditar na ajuda de Naruto, mas havia uma parte de si, aquela que ouviu as ameaças dos Uzumaki, que temia que seu primo estivesse na prisão garantindo que Sasuke jamais sairia. E isso oprimia seu coração, não ter confiança na mão que tinham lhe estendido.

— Não acredito que se preocupe pela segurança de Sasuke. O odeia tanto. — Hinata não conseguiu deixar de fitar acusatória a irmã. — E tudo por sua culpa.

A acusação atingiu a fria couraça de indiferença com que Sakura revestia-se desde que entrara na casa da irmã. Por um momento pensou em revidar, dizer que se preocupava com Sasuke mais que a irmã que só sabia chorar. Mas optou por fingir-se de ofendida, abrandar sua culpa com justificativas que apontassem Naruto como o único responsável pelas desgraças em suas vidas.

— Está sendo injusta, tentei amansar Naruto, coloca-lo em razão, mas nada o faz mudar de ideia — disse com fingido pesar, porém sem conseguir conter seu desprezo. — Se ele quer se divorciar não me importa.

— Como não te importa? — escandalizou-se Hinata, fazendo Sakura perceber que ultrapassara o limite do aceitável diante de sua irmã carola.

— Que posso fazer? É inútil fazer o que mamãe deseja: suplicar a tia Kushina e me ajoelhar diante de Naruto — lamentou colocando sua máscara de vítima sofredora. — Não tive culpa, Hinata. — Recebendo um resmungo de descrença da irmã, pranteou: — É verdade! O que tive com Sasuke foi antes de Naruto me pedir em matrimônio.

— Por favor, depois de casada o procurou — Hinata recordou irritada com o fingimento de Sakura.

— Não pelo que você pensa.

— Ah, pare de mentir, Sakura! — exigiu cansada de a irmã pensar que era burra e cairia em suas mentiras. — Ainda ontem me disse que o roubará de mim por ser mais bonita do que eu.

Insistindo em capturar a compaixão de Hinata, de forma a usa-la no futuro, Sakura explicou forçando choro:

— Foi por raiva, por vê-la tão feliz enquanto eu...

— Cale-se! — Hinata ordenou não caindo nos velhos truques da rósea. — Não suporto mais suas justificativas e falsas lágrimas. Agradeço muito que esteja aqui me fazendo companhia, mas não tente me convencer de algo que sei ser mentira. Posso ser débil, confiada, mas tonta não! — completou revoltada com a ousadia de Sakura em querer engana-la.

— Nunca pensei isso de você — Sakura negou fingindo-se de ofendida.

— Sakura, não minta mais — Hinata pediu querendo dar fim as tentativas da irmã em se passar por vítima, quando era a causadora do caos em que ambas estavam. — Pensou e continua pensando isso. Mas não se engane. Não fiz nada quando me tirou Naruto por ingenuidade e dignidade. Agora é distinto, Sasuke me fez sua mulher. Não me importa que seja mais bonita, lutarei por ele e com as mesmas armas que você — prometeu.

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