Do que é feita afinal?

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— Quer explicar o que disse? – insistiu Kushina, ignorando a tensão da nora e fixando sua atenção em Ino. Notou que a jovem encarava Sakura com petulância e raiva, evidenciando que a conhecia. Isso, aliado ao fato de que Sakura entrara chamando o Uchiha, aumentava o receio e desconfiança da viúva.

— Ela é aman...

Apavorada, Sakura se interpôs entre as duas para impedir que Ino falasse.

— Não ligue para ela, tia – suplicou nervosa. – Está louca!

— Louca é você! – Ino gritou indignada.

— Cale-se, Sakura! – Kushina ordenou, fazendo Sakura recuar trêmula, antes de se voltar para Ino. – E você, continue.

— Ela é a mulher do Sasuke – revelou ressentida. – O visitava na cabana na praia de São Pedro.

— Isso não é verdade! – Sakura defendeu-se aos berros, desejosa de que sua fúria convencesse sua sogra que dizia a verdade. – Está me confundindo com outra pessoa.

— A vi muito bem – refutou com o ódio escorrendo por seus olhos e lábios. - E também ouvi quando disseram que Sasuke tinha uma nova amante, que era da alta e se chamava Sakura.

— É mentira, tia. Eu...! – Calou-se ao ter a face virada pela selvagem bofetada de Kushina.

— Vagabunda! – Com os olhos faiscando de fúria, Kushina massageou a mão, para amenizar o ardor após o tapa e conter a vontade de agarrar a nora pelos cabelos, arrastá-la para fora da fazenda e ordenar que nunca mais pisasse em Campo Real. Tinha que raciocinar com frieza para impedir que o sobrenome Uzumaki e seu filho fossem humilhados. – Vá para o meu quarto e me espere ali, ouviu? E sem falar com ninguém – ordenou, sentia a cabeça a ponto de explodir. – Saia! – A ordem furiosa fez Sakura encontrar forças para correr para fora. Kushina respirou fundo, recompondo sua altivez e autocontrole para interrogar Ino, que a observava com desconfiança e curiosidade. – Desde quando ela é a "mulher" do Uchiha, como você disse?

— Faz quatro ou cinco meses, não sei ao certo.

— E quem mais sabe?

— Os amigos de Sasuke e sua irmã.

— Irmã de quem? – Estranhou, ciente de que Sasuke não tinha parentes.

— Dela.

— Hinata?!

Ino confirmou.

Com as pontas dos dedos a viúva fez pressão na têmpora. As informações giravam em sua mente, conectando fatos que até então não compreendia: o desmaio de Sakura quando o Uchiha chegara; o sangue no vidro entregue por Shion; a falta de apoio de Sakura para expulsar o Uchiha; a declaração de amor de Hinata por Sasuke. Enganavam seu filho e ela bem embaixo de seu teto. De Sakura esperava tamanha traição, nunca gostara da rósea e percebia que fingia amar Naruto, porém Hinata a surpreendera. Cuidara da educação da afilhada, dera aos pais dela dinheiro suficiente para viverem como reis e fingirem que não estavam falidos há anos, para ser golpeada pelas costas pela pequena e doce traidora.

— Não fale para mais ninguém sobre isso – pediu, ocultando a avalanche de emoções atrás da costumeira máscara de inatingível. – E quando Sasuke chegar, diga que necessito falar com ele.

Sem aguardar resposta seguiu para seu quarto, no caminho encontrou Shion, a quem ordenou com aspereza:

— Busque Hinata e diga que a quero no meu quarto, imediatamente.

— Sim, senhora!

Entrou em seu quarto, por instantes encarou com azedume a figura rígida ao lado de sua cama, marchando em seguida até o armário de costura. Retirou de uma gaveta um frasquinho envolto em um lenço, voltou para perto da nora, desembrulhou o objeto e o ergueu na altura do rosto de Sakura.

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