Não sei o que

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Depois de retirar toda a louça do café da manhã dos patrões, Temari foi em busca de Ino para convence-la a tomar o café da manhã. Novamente a Yamanaka se trancara no quarto para evitar a presença de Hinata, declarando que preferia morrer a compartilhar a mesa com os recém-casados. A Sabaku tinha a esperança de que a fome falasse mais alto e a amiga aceitasse pelo menos comer algo na cozinha. Porém, encontrou o dormitório destrancado e vazio.

Seguindo sua intuição, baseada em duas ocasiões anteriores, seguiu para o quintal dos fundos. O som sufocado e agonizante foi o primeiro indicio de seu acerto antes de enfim encontrar Ino curvada no tanque.

— O que você tem?

Ino lavou a boca antes de erguer o rosto pálido com sombras assustadoras abaixo dos olhos.

— Nada...

— Já estamos há alguns dias juntas, e não creia que não me dei conta. — Encarando a amiga intensamente, a Sabaku perguntou já imaginando qual era a resposta: — Está grávida, não é?

— Está louca! — Ino resmungou se afastando para evitar o assunto.

Temari a seguiu, chateada com a falta de confiança da outra.

— Não estou louca. Não é a primeira vez que a vejo assim. — Deduzindo o motivo, Temari se apiedou. — É do Orochimaru?

— Calada! — Ino gritou feroz empurrando a amiga contra a parede de pedra. — Que caia morta se diz algo para alguém — amaldiçoou com os olhos reluzindo de ódio e medo.

Temari abriu a boca para acalmar a Yamanaka, esclarecer que queria ajuda-la, mas a porta dos fundos abriu dando passagem a Hinata e, recebendo um olhar ao mesmo tempo furioso e temeroso de Ino, cerrou os lábios.

— Temari, onde está...? — Hinata calou-se, seu olhar passeando pelos rostos das jovens, percebendo e estranhando o clima tenso entre as amigas. — Bom dia, Ino! — disse reparando na aparência cansada e pálida da Yamanaka.

Crispando o nariz, a jovem saiu sem falar nada, seu ombro trombando no de Hinata ao passar por ela rumo a casa.

Hinata, mais uma vez, engoliu em seco o tratamento hostil, recomendando a si mesma paciência. Por fim, voltou-se para a empregada completando seu questionamento de instantes antes.

— Temari, sabe onde Gaara está?

— Ele foi... visitar nosso irmão — a loira respondeu esforçando-se em disfarçar seu desconforto. Gaara recomendara falar o mínimo possível sobre Kankuro e, principalmente, não contar que estava preso. Sabendo como a classe alta tratava os menos desfavorecidos, em especial parentes de presos, Temari acatou o pedido sem nenhum questionamento.

— Não sabia que tinham um irmão em São Pedro.

— É nosso irmão mais velho...

Hinata sorriu.

— Alegro-me que possam revê-lo agora que moram no povoado. — As palavras de Hinata longe de acalmarem Temari, por demonstrarem a boa vontade da patroa, deixou a loira incomodada pela omissão. — Queria apresenta-lo ao senhor. Eles já se viram vagamente na fazenda, mas creio que uma apresentação formal é necessária — Hinata comentou, lamentando o adiamento de seus planos, uma vez que Sasuke estava de saída. — Quando Gaara chegar, por favor, diga que preciso falar com ele.

— Sim, senhora!

A Uchiha voltou a entrar na casa e Temari respirou aliviada. A omissão a incomodava, mas conhecia Hinata muito pouco para garantir que não os demitiria ao saber de Kankuro.

Pensara em pedir o conselho de Ino, no entanto, a amiga estava tão irracional após o casamento do ex-amante que, de alguma forma louca, transferiu um pouco do ódio e aversão que sentia por Hinata para Gaara. Na noite anterior Ino até insistira que o ruivo foi contratado para encobertar futuras traições da patroa. Pelo pouco que ouvira sobre o Uchiha, se tamanha insanidade chegasse até ele temia até mesmo pela vida do irmão.

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