Cara a cara

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Como solicitado por Naruto, assim que Sasuke ficou sozinho na cela, Danzou ligou para o herdeiro dos Uzumaki e o informou do fato. Não se surpreendeu quando poucos minutos depois o homem mais poderoso da região entrou em seu escritório.

— Senhor Uzumaki, que gosto revê-lo! — Danzou cumprimentou com um largo sorriso.

Sem corresponder ao alegre cumprimento, Naruto pediu:

— Quero falar com Sasuke Uchiha.

— Claro! Agora mesmo o acompanho — se ofereceu erguendo-se, ao que Naruto rejeitou.

— Não é necessário. Quero falar a sós com ele.

— Bem, permita-me chamar um guarda para que te informe onde fica a cela.

— Obrigado!

~*~

No subsolo mal iluminado, aproveitando que Colibri, o encarregado dos serviços da prisão, estava próximo de sua cela, Sasuke procurava um meio de convencê-lo a ajudá-lo na fuga.

— Aqui todos têm medo demais para fazer isso — o velho indicou demorando-se na limpeza daquele trecho para escutar a proposta do capitão do Satán.

— Garanto que nada te acontecerá. Te darei dinheiro suficiente para que você e sua família vivam confortavelmente bem longe daqui — prometeu, pedindo em seguida: — Procure por Shikamaru na Taberna do Nara e escute o que podemos fazer por você.

Sasuke observou o máximo que podia do corredor, não notando nenhum guarda se aproximando, persistiu em sua busca por um modo de sair daquele lugar e provar sua inocência.

— Sabe se algum réu morreu ou sumiu?

— Morrer não, mas levaram um rapaz na noite em que você foi preso — Colibri contou, causando um estalo de esperança no Uchiha.

— Quer dizer que um preso desapareceu durante a noite? Como era? Qual seu nome?

— Era jovem, estava muito doente, creio que de pneumonia, e se chamava Kankuro.

— E sabe seu sobrenome? Se têm parentes?

— Não sei seu sobrenome. Mas acho que tinha um parente, um rapaz que aparecia quase todos os dias por aqui.

— Pode verificar essas informações e me passar?

— Sim, capitão!

— Quando verá Shikamaru?

Encurvado, esfregando o sujo pano para lá e para cá do chão, Colibri fez um pequeno aceno negativo com a cabeça.

— É perigoso. A guarda costuma andar por ali e até entrar na taberna — Colibri disse mantendo os olhos longe do homem preso, de forma a não despertar suspeitas. — Quero ajuda-lo, pois sempre ajudou os pobres do porto, incluindo minha família, mas tenho medo.

— Pode encontra-lo em outro lugar — Sasuke propôs, logo acrescentando ansioso em obter aquela importante ajuda: — O que acha do mercado? A movimentação do porto impedirá que desconfiem. Ele te indicará o melhor lugar para esclarecer suas dúvidas e combinar o pagamento.

— Está bem! — Colibri concordou finalizando seu fingimento. Ao longe se ouvia passos se aproximando e era melhor não perceberem que conversava com o Uchiha.

— Tomaremos todas as precauções e pagarei bem. Não vai se arrepender — Sasuke prometeu sentindo-se perto de conseguir a liberdade.

Os passos cada vez mais próximos o fez olhar para o corredor, a raiva corroendo-o ao ver Naruto se aproximar sozinho da cela em que estava trancafiado por culpa dele.

Colibri partiu ao mesmo tempo em que, passada a surpresa e se fixava à revolta nas feições do Uchiha, Naruto Uzumaki parava em frente a última cela.

— Enfim nos encontramos cara a cara.

— Porém garantiram que tivessem grades no meio — Sasuke comentou cáustico.

— Preferia encontra-lo em outro lugar, sem empecilhos para acabar com sua vida miserável.

Sasuke soltou um riso seco, desprovido de humor e carregado de sarcasmo.

— Queixe-se com sua mãezinha, que armou essa armadilha para não ver o filhinho ferido — fez questão de comentar desdenhoso. — O que quer afinal? Rir do que me fizeram?

— Não tenho culpa da sua prisão e dê graças a Deus que isso garantiu que continue vivo — Naruto revidou irritado com a insolência do outro. — Vim dizer que você é um infeliz, traidor do pior tipo. Um cachorro sarnento que morde a mão que o alimenta com carinho e respeito.

— Você nunca me deu nada de comer — revidou, comentando zombeteiro: — Que bem lembre, nem me pagou o tempo que trabalhei para você.

— E atreveu-se a me cobrar da pior forma, abusando da minha amizade — Naruto retrucou apertando os punhos, desejando abrir aquela cela e matar Sasuke com os murros e pontapés que merecia.

— Diz isso por causa de Sakura? Não sabia que ela era sua prometida — contou largando o cinismo por um instante. — O enganado fui eu. Por isso fui a Campo Real. Reaver a mulher que era minha antes de ser sua.

— Supondo que seja verdade, deveria ter me enfrentado como homem decente, contado a verdade em vez de ameaçar minha família.

— Dizer que verdade? Que sua gente sempre me roubou o que tenho de mais precioso? Que por causa de vocês vivo em desgraça?

— Uma escória como você não merece outra coisa.

Aborrecido com aquela conversação inútil, Sasuke sentou-se, cruzou os braços e encostou a cabeça na parede, os olhos fechando-se para demonstrar o quanto se importava com os insultos do Uzumaki.

— Se venho esfregar sua vitória, sua vingacinha infantil, pode sair por onde entrou.

— Não acabei com você! Ainda espero te ver sofrendo como eu.

— Estou sofrendo, não se preocupe — comentou com pouco caso.

— Não o suficiente. Quero que amaldiçoe até o dia que nasceu.

— Fiz isso várias vezes e por culpa da sua mãezinha — retrucou sem se abalar.

— E vou cobrar sua traição na mesma moeda.

Nesse momento, Sasuke abriu os olhos e fitou o Uzumaki, o cenho franzido, relembrando as declarações de Sakura a respeito das intenções de Naruto para com Hinata.

— O que quer dizer?

Percebendo que enfim atingiu o Uchiha, os lábios de Naruto se curvaram com maldade, a vingança brilhando nos olhos claros.

— Que tirarei de você o que conseguiu de forma suja: Hinata — declarou satisfeito com a preocupação que tomou as feições de Sasuke. — Ela será minha.

Em um rompante, Sasuke se ergueu, lançando-se contra as grades, as mãos apertando-se nas barras de ferro.

— Isso nunca! — Sasuke urrou desejando atravessar o empecilho que protegia o Uzumaki e acabar com aquela briga de uma vez por todas. — Hinata é minha mulher.

Agradado por ver Sasuke transtornado, temendo ser vítima da traição que lançou sobre ele, Naruto informou afrontoso:

— Quando ela for minha, terei muito prazer em te contar e depois apresentar cada um de nossos filhos.

— Não se atreva! — Sasuke exigiu com o tom arrastado e ameaçador. — Quando casou com Sakura quis te matar. Hinata me impediu. Mas se se atrever a tocar na minha esposa, juro que não terei compaixão.

Naruto riu debochado, dando as costas para o Uchiha e caminhando lentamente para longe, suas palavras finais ecoando no longo corredor.

— E como me impedirá se estará preso pelo resto da vida?

Com as mãos apertadas nas grades, Sasuke acompanhou o Uzumaki se afastando, o desespero se acumulando no peito, misturando-se com o antigo rancor, crescendo e relampejando como tempestade em alto mar.

— Juro, Naruto! Se tocar um dedo em Hinata o mato! Escutou? Te mato!

A gargalhada carregada de desprezo foi à única resposta a sua ameaça.

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