Nada de tristeza!

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Hinata acordou cedo para acompanhar Tenten até o coche em frente à casa principal. Observando um empregado descer as escadas com as malas de sua amiga, por um instante desejou retornar a São Pedro com ela. Mesmo censurando-se pela vontade egoísta, motivada pelo medo da presença de Sasuke Uchiha na fazenda, não conseguia abandoná-la. Só a impedia a esperança de fazer o Uchiha partir, embora duvidasse conseguir esse feito.

Depois das malas serem acomodadas na parte traseira do coche, Tenten abraçou Hinata com força, lamentando não poder continuar ao lado da amiga. Ao se afastar a encarou com preocupação. Era notável a depressão estampada nas feições da Hyuuga. Delicadamente levantou o queixo da amiga.

– Nada de tristeza! Logo retornará ao povoado e iremos juntas aos bailes da capital, onde encontraremos os nossos futuros maridos.

Hinata forçou um sorriso. Participar de bailes era a última coisa em sua mente. Mesmo se fosse a um jamais encontraria alguém que a quisesse. Seu dote fora transferido para Sakura e sua família não tinha dinheiro suficiente para lhe dar outro. Porém não se importava com isso, desde a rejeição de Naruto se conformou com a solidão.

Os olhos castanhos de Tenten se moveram para um ponto atrás de Hinata e um sorriso iluminou a face morena.

– Olhe, o administrador e o Naruto.

Imediatamente ficou tensa, virando no exato momento que ambos pararam a poucos passos dela.

Sem se surpreender com o pavor da Hyuuga, Sasuke cruzou os braços com arrogância e segurou a vontade de rir da situação. Estava acostumado a ser temido pelos seus inimigos - embora mulheres nunca tivessem sido um deles -, por isso captara cada mínimo sinal de medo que emanava do corpo feminino. Era irônico a ex. noviça recear a verdade. Novamente percebia a hipocrisia dos abastados, superficiais, sempre inclinados para a mentira, às aparências e o dinheiro.

– Já está de partida? – Ouviu Naruto perguntar para a amiga da Hyuuga.

A dama vestida com elegância, coberta de rendas, luvas, joias e chapéu enfeitado com flores, o observava com interesse desde que pisara os pés em Campo Real. Obviamente somente flertava. Sakura que lhe dera uma dura lição: damas gostavam de brincar com os vagabundos, mas casavam com os nascidos em berço nobre.

– Sim. – Ela respondeu sorrindo. - A festa foi maravilhosa e agradeço a hospedagem, mas agora tenho de voltar para perto dos meus pais.

– Espero sua visita em breve – incentivou o Uzumaki. - Os amigos da minha esposa são meus amigos.

Ocultando sua aversão por Sakura, cordial prometeu visita-los quando tivesse oportunidade, lançando a Hinata um olhar cumplice. Só participara do casamento para apoiar à amiga, portanto, nunca mais pisaria os pés naquela fazenda. Despediu-se e aceitou a ajuda de Naruto para entrar no coche.

Sasuke voltou sua atenção para a Hyuuga. Havia certa melancolia na face dela, sempre rígida, fria e inalcançável como uma estátua. Por mais que buscasse na memoria não recordava de um sorriso verdadeiro curvar os lábios rosados. Não que quisesse ver algo do tipo, ou pudesse causar um, somente tinha uma perversa curiosidade em saber o que derreteria o gelo que a revestia.

Um arrepio despertou a atenção de Hinata para uma sombra cobrindo-a. Sasuke estava ao seu lado, inclinado em sua direção, o rosto muito próximo do seu. O fitou intrigada, recebendo um sorriso de canto debochado. Cruzou os braços em frente ao corpo e voltou à atenção para o coche que se afastava, ouvindo a risada baixa do Uchiha. Ele percebia seu temor e se divertia com isso. Sua irmã se envolvera com um demônio, ou o filho dele como Sasuke alardeava. Só podia orar para o Uchiha compreender o mal que faria a Naruto e partisse o quanto antes.

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