Coração Selvagem

Preparativos

Chegando a casa de Hinata, Kakashi colocou em ação os movimentos necessários para cumprir o pedido de Sasuke.

— Teremos que fazer uma reunião aqui, hoje à noite, a respeito da fuga de Sasuke. — Recebendo a confirmação de Hinata, indicou para prepara-la: — A fuga terá de ser amanhã à noite.

— Tão rápido? Por quê?

Como combinado com Sasuke, Kakashi contou tudo o que vinha acontecendo, incluindo a visita de Sakura com a inusitada proposta da viúva Uzumaki.

— Tenten me contou sobre as visitas de Sakura... E que Naruto proibiu as minhas — Hinata relatou desanimada, indicando com uma dose de desconfiança: — Quando me disfarcei para visita-lo não tive tempo para falar sobre isso... Admito que me incomoda ele receber minha irmã.

— Sasuke somente quer se manter informado por todos os lados— o advogado apressou-se a justificar. — Não pense que queira algo com ela, tanto que planeja fugir com você.

— E irei.

Temendo pela segurança da jovem, que conhecia desde o nascimento e cujos os pais eram seus amigos, Kakashi não se conteve e a alertou preocupado:

— Penso que seria melhor esperar que ele esteja a salvo e, longe daqui, o reencontre.

— E se algo me impedir de me reunir a ele? Não, Kakashi, quero ir de uma vez.

Kakashi lamentou que Hinata também não escutasse seus conselhos sobre isso.

— Como tiraram as queixas de enriquecimento ilícito, os embargos foram retirados. Tenho uma procuração de Sasuke, então posso sacar uma boa quantidade de dinheiro para que possam viver confortavelmente. — Mesmo considerando inútil, Kakashi tentou mais uma vez fazê-la desistir de seguir o marido. — De qualquer modo será perigoso. Está segura que quer seguir a sorte dele?

— Sim — Hinata confirmou com firmeza. — E entregou a carta que te pedi?

— Sim. Bem, irei agora. — Erguendo-se, Kakashi pediu ao caminhar para a porta. — Arrume umas poucas peças de roupas para ambos e demais itens que necessitem para se manterem na próxima semana, coisas que possa carregar em uma mochila pequena, e se prepare — aconselhou. — Hoje à noite retorno com alguns amigos de Sasuke que ajudaram na fuga.

Ansiosa em estar novamente com o marido, após a saída do advogado, Hinata foi para seu quarto, separar os poucos pertences que necessitaria para seguir Sasuke.

~*~

Longe dali, na casa dos Hyuuga, após receber de Kabuto a informação que Sasuke aceitou o plano deles, alvoroçada, Sakura também fazia seus preparativos para seguir Sasuke, começando por preencher duas malas.

Ao seu lado, ajudando a ajeitar as roupas, Kin se preocupava com o que a filha de sua patroa pretendia.

— Deixarei essa cidadezinha de fim de mundo e minha insuportável família — a jovem inconsequente comemorava escolhendo as melhores peças de seu guarda roupa.

— Não te dá culpa fugir com o marido de sua irmã? — Kin questionou com pena de Hinata. Não era tão próxima a outra filha de Kushina, mas não desejava uma traição assim, vindo de uma parente de sangue, nem para seu pior inimigo.

— Sasuke foi meu antes — Sakura revidou despreocupada. — Ela que tentou roubá-lo de mim.

— Mas você iniciou isso ao casar com o prometido dela.

Virando-se aborrecida para a empregada, Sakura queixou-se:

— Pretende me irritar?

— Não, desculpe! — Kin voltou a dobrar as peças e enveredar por perguntas seguras. — E vão para que lugar?

— Espero que me leve para a Europa. Naruto tinha me prometido me levar de lua de mel, mas é melhor ir com Sasuke — relatou vendo descortinar em sua mente o futuro com o Uchiha. — Estou tão feliz! Irei a vários lugares, farei várias compras... — De repente se atentou para o fato que Sasuke estava com os bens bloqueados. — Nossa! E o dinheiro?!

— O senhor Sasuke tem muito dinheiro.

— Sim, mas está no banco e não poderá sacá-lo após ser dado como morto. Devo falar disso com Kabuto. Amanhã conversarei com ele. — Deu de ombros voltando a sorrir empolgada. — De qualquer forma, tenho joias que posso vender e conseguir uma boa soma.

Batidinhas na porta e a voz de Kurenai pedindo para entrar fizeram Sakura voltar-se para Kin com precaução.

— Não diga a ninguém o que farei e nem se atreva a me trair de novo.

— Não farei, juro!

— Ótimo! Deixe minha mãe entrar e saia.

Kin fez o que foi pedido, saindo do recinto sem sequer erguer o olhar para Kurenai, com medo que isso despertasse suspeitas ou desagradasse Sakura.

Ao entrar, Kurenai olhou com curiosidade para as duas malas abertas sobre a cama da filha, ambas com várias roupas em seu interior.

— O que está fazendo com essas roupas?

— Separando para doação — mentiu.

Mesmo estranhando Sakura se desfazer de tantas peças, algumas que tão novas que nunca viu a filha usar, Kurenai não se aprofundou no assunto e se ofereceu para ajuda-la, sem imaginar as verdadeiras intenções de sua voluntariosa caçula.

~*~

No fundo de sua fria cela, com a carta de Hinata em suas mãos, Sasuke lia e relia as palavras cheias de amor.

~

Sasuke, como minhas visitas são constantemente negadas, escrevo essa carta para reafirmar meu profundo amor por você. Meu coração, alma e corpo sempre serão seus e conto os minutos para estarmos juntos novamente.

Agradeço o destino por haver nos unido, por me mostrar o que é o verdadeiro amor. Não amei e jamais amarei alguém como te amo.

Para sempre sua,

Hinata

~

Fechando os olhos, beijou suavemente as palavras carregadas de amor, imaginando Hinata ali, a sua frente. Sua doce e cálida esposa, a luz que o tirou da escuridão e solidão dos últimos anos.

Sem a presença de Hinata sentia-se um mendigo deamor, vivendo de pequenas doses de lembranças, esperando pelo dia em queobteria a fortuna de tê-la novamente ao seu lado. O que aconteceria em breve,garantiu a si mesmo, a carta sendo espremida contra seu coração palpitante.Seus amigos iriam conseguir liberá-lo e partiria para longe com o amor de suavida, sua Hinata.