Não é válida

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Mesmo revoltada com a traição de Gaara, Hinata foi ao seu resgate, às mãos segurando o braço forte do homem que o segurava no ar.

— O solte, por favor!

Também reagindo, movida pela preocupação com o irmão, Temari juntou-se a patroa para libertar o rapaz. Mas nem a força das duas unidas era capaz de fazer os braços do enorme homem mover-se um centímetro para longe de Gaara.

— Vai matar meu irmão!

— Devia ter matado esse espião há muito tempo — Shino retrucou sem deixar de encarar Gaara, os dedos apertando o tecido em volta do pescoço do rapaz.

— Acalme-se, Shino! — Shikamaru pediu aproximando-se. — Está assustando as mulheres.

Diferente do dono do Taberna do Nara, Kiba e Chouji ficaram apenas observando o grandalhão sufocando o rapaz, achando justo Shino sacudir o espião sem piedade.

— O que está acontecendo aqui?

Todos se voltaram para a porta aberta ao ouvirem a voz de Kakashi, vendo-o entrar acompanhado pelo médico. Ambos estavam chocados com a cena que se desenrolava na sala da residência: Um homem forte e alto, segurando um rapaz mais novo pela garganta, e duas mulheres quase penduradas em seus braços. Uma delas sendo a proprietária do imóvel.

— Essa não é a ordem do Sasuke, Shino. Precisamos do sujeito vivo — Shikamaru indicou, um inclinar suave de sobrancelha ao acrescentar mordaz: — Por enquanto.

Com um resmungo baixo, Shino baixou Gaara, mas não soltou o colarinho dele, mantendo-o no lugar até conseguir as informações que necessitavam.

Parcialmente tranquilizada, Hinata foi até o médico, desculpou-se e disse que teve apenas um mal-estar, prometendo pagá-lo pela visita no dia seguinte. Fechando a porta após a saída do profissional, virou-se e relanceou preocupada o olhar por todos os rostos em sua sala, até chegar em Shikamaru.

— Você estava com meu marido na prisão — lembrou sentindo um aperto no coração. — Como ele está?

— Melhor. Apesar do sangue que perdeu, o ferimento está quase cicatrizado. — Deu um leve sorriso. — O que o preocupa é a saudade da senhora. — Ficou sério ao acrescentar apontando para Gaara. — Bem, também está preocupado com a sentença que lhe deram por matar o irmão desse sujeito.

Um novo tipo de caos baixou na sala, silencioso, mas tão nocivo quanto o de instantes antes. Temari soltou um som de horror e choro, as mãos cobrindo a boca para conter o som e os olhos enchendo-se de lágrimas. Gaara parecia catatônico, fitando Shikamaru com olhos arregalados, a boca abrindo e fechando sem nada sair dela.

Tendo ouvido os receios dos irmãos Sabaku a respeito do que estava preso, sendo ameaçado por Danzou, Hinata se apiedou deles. Também se encheu de medo de até que ponto o delegado seria capaz de ir para prender Sasuke, e do que mais seria capaz.

— Do que está falando, Shikamaru? — Kakashi foi o primeiro a reagir.

— Sasuke descobriu que o cadáver encontrado no depósito é de um preso — Kiba respondeu e aponto para Gaara. — Justamente o irmão desse ai.

— Não...! — Temari murmurou em prantos.

Estando perto, Hinata envolveu o braço nos ombros da empregada, trocando apoio, pois ambas estavam em situação similar e por culpa das injustiças dos poderosos da cidade.

— E o capitão recebeu a sentença de vinte anos de prisão — Chouji contou sentando-se, pois suas pernas doíam quando ficava muito tempo em pé. — O capitão planeja fugir.

— Isso é impossível! Uma violação dos direitos dele. Nem transcorreu o tempo mínimo permitido por lei para que eu apresente as provas — Kakashi indignou-se — Como souberam disso?

Os amigos de Sasuke olharam ao mesmo tempo para a jovem a poucos passos de Chouji, uma estranha para a maioria deles, mas Shikamaru a reconheceu de quando foi liberado da prisão.

— Você trabalha para o Danzou, não é?

— É... Sim... — Tenten disse insegura por causa de toda violência que presenciou desde a chegada daqueles homens.

— Ela é minha amiga e uma pessoa de confiança — Hinata disse em defesa de Tenten.

— Temos a ajuda de um funcionário da prisão — Shino contou por fim, encarando fixamente Tenten. — E a sua, já que está aqui, nos ouvindo e participando dessa reunião para libertar nosso capitão.

Sem alternativa e captando no tom uma ameaça. Tenten deu de ombros e sentou-se ao lado do homem corpulento no sofá, cruzando os braços e assentindo em concordância. Na verdade, concordaria de qualquer forma por Hinata, mas manteve a expressão contrariada fixa naquele sujeito arrogante.

— Como soltaremos o meu marido? — Hinata interessou-se.

— Primeiro quero entender que história é essa que foi condenado — Kakashi intrometeu-se sem acreditar que fosse verdade.

Conciso, Kiba tomou a frente e narrou tudo o que Colibri contou para eles minutos antes. Desde as informações sobre o preso que sumiu na mesma noite que prenderam Sasuke, até a sentença dada por Danzou e o pedido para que apressassem a fuga antes que fosse enviado para o presidio do estado.

Ao fim do relato, Hinata tomou a frente, acrescentando o que Temari e Gaara revelaram há pouco.

— Gaara estava em minha casa a mando de Kabuto e do delegado Danzou, para arranjar provas contra Sasuke.

— Mas juro que não sou culpado da prisão — Gaara defendeu-se, sentindo o punho de Shino enrolar ainda mais o tecido em volta de seu pescoço. — Danzou estava com raiva de mim por causa disso, deve ser por isso que matou meu irmão.

Kakashi coçou o queixo preocupado com tudo que ouviu e a intenção do Uchiha em fugir.

— Está disposto a testemunhar esse fato, rapaz? — Perguntou para Gaara.

— Sim. Farei o que pedirem para me redimir com a senhora Hinata — disse verdadeiramente arrependido. — Kankuro, meu irmão, sempre me dizia que o delegado Danzou não era confiável, que o melhor era contar tudo ao senhor Sasuke... Mas eu não o ouvi... E agora está morto... — lamentou observando sua irmã chorar contra o ombro de Hinata, que também estava com os olhos mergulhados em lágrimas. Culpou-se ainda mais por causar o sofrimento de duas pessoas que gostava.

— Primeiro me acompanhará para identificar o corpo. Para ter certeza que se trata de seu irmão.

— Farei o possível para reparar meu erro — Gaara comprometeu-se.

Mesmo ainda desconfiado, Shino o soltou, os braços fortes se cruzando e a carranca mantendo-se, deixando evidente que se Gaara não cumprisse a palavra haveria retaliação.

— Quanto à fuga — Kakashi continuou centrado. — Conversarei amanhã com Sasuke. Não podemos ser precipitados e piorar a situação dele.

— Como piorar se foi condenado? — Kiba questionou incomodado com a calma do advogado.

— Uma condenação assim, sem respeitar os procedimentos legais, não é válida.

Soltando um riso sem humor, Hinata perguntou amargurada:

— A prisão do Sasuke não foi justa, porque a sentença seria? — Manteve-se firme ao declarar taxativa: — Ajudarei no que precisarem para soltar meu marido e o seguirei na fuga.

Shikamaru fitou o primo com um leve sorriso e um movimento discreto. Sabendo que o outro exaltava o amor de Hinata pelo marido, Chouji deu de ombros. Mentalmente considerou que pelo menos coragem a mulher do capitão tinha, pois, só a intenção de libertar um preso condenado garantiria uns bons anos na prisão a todos naquela sala caso fossem descobertos. Naquele momento, a elegante esposa do capitão Sasuke Uchiha tornava-se uma criminosa aos olhos da lei.

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