1. O peso de sua chegada

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A chegada de uma pessoa capaz de virar nosso mundo de cabeça para baixo é como um terremoto quando tentamos construir um castelo de areia na praia, algo grande demais chega para destruir algo tão pequeno

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A chegada de uma pessoa capaz de virar nosso mundo de cabeça para baixo é como um terremoto quando tentamos construir um castelo de areia na praia, algo grande demais chega para destruir algo tão pequeno. Tudo o que era seguro e familiar pareceu escorregar de meus dedos. É como se uma tempestade repentina levasse embora a calmaria do meu dia. A presença dela fazia meu coração bater mais rápido, mas também trazia uma mistura de medo e curiosidade, como descobrir um livro emocionante, mas com páginas ainda desconhecidas.

Queria ter te conhecido melhor, Camila.

~ Início do segundo semestre – Colégio Machado de Assis – Agosto de 2009

- Que saco! – Eu gritei para que toda a turma ouvisse.

Naquele dia, eu estava jogando Snake, um jogo muito comum nos celulares de 2009. Era sobre uma cobra que crescia à medida que comia os pontos na tela. Era muito divertido, e eu nunca conseguia deixar apenas um quadrado sobrando.

- Deixa disso! – Meu amigo, João, tomou meu celular – Depois da aula, vamos na Lan House jogar Call of Duty?

Eu sempre fui popular, mesmo com 12 anos. Era um exímio aluno que liderava. Fazia parte de um trio de amigos e fazia questão de não excluí-los em momento algum. O João e o Pedro me acompanhavam onde quer que eu fosse. O João era extremamente magro e tinha olheiras terríveis, sempre ficava jogando no celular da mãe até tarde. Seus cabelos eram desgrenhados, e seu fardamento escolar sempre fedia. O Pedro era... digamos... cheinho. Ele era um pouco acima do peso, mas não era nada que a puberdade não pudesse resolver em alguns anos. Ele sempre foi metido a bad boy e sempre andava com um saco de salgadinhos, dos mais baratos. Ao contrário de João, Pedro era mais arrumado e extremamente bem cuidado. A mãe dele sempre o chamava de gordinho da mamãe, e sempre zoávamos isso.

- Não estou afim de ir na Lan House, vamos lá pra casa jogar GTA no meu PlayStation 2! – Olhei para os brilhantes olhos castanhos do João.

O garoto logo soltou um sorriso e balançou a cabeça em concordância. Era o que ele mais queria ouvir.

- E como está o nosso dinheiro? – Pedro arrastou sua cadeira para sentar ao meu lado – Precisamos logo comprar um PS3!

- Dos 1.800 reais que precisamos, nós temos atualmente 52 reais e um chiclete! – Respondi.

- Como isso é possível? Semana passada tínhamos 85 reais! – Pedro gritou.

- Você gastou sua parte com comida, seu animal! – João gritou de volta.

- Gordinho da mamãe precisa se controlar! – Provoquei.

Antes que nossa discussão se seguisse, Aline, a menina mais bonita da sala, entrou afoita correndo em nossa direção.

- Uma menina nova! – Ela gritou olhando fundo nos meus olhos.

- E qual seria o problema?

- Achei que você devesse saber! – Aline desviou o olhar – Sabe, só queria te deixar informado!

O peso das palavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora