26 - O peso de aceitar o passado e abraçar o futuro

20 1 0
                                    

O formigamento em minhas pernas parece interminável

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O formigamento em minhas pernas parece interminável. O médico garantiu que isso era um bom sinal, mas a inquietação ainda me consumiu durante dias de observação.

Semicerro os olhos ao ser atingido pela luz do sol, que me parece estranhamente intensa. Aproximei-me do carro ao lado de minha mãe, que, desde minha entrada no hospital, parecia envolta em estranheza. Seu silêncio era pesado, e evitei seus olhos, temendo que sua frustração brotasse por eu ter escapado do quarto para conversar com a Camila.

O caminho até nossa casa foi um eco de vozes mudas, com o motor como única companhia. Minha mãe fixava o olhar na estrada, como se buscasse alguma resposta no asfalto. Eu, por outro lado, lutava contra a memória que se infiltrava em meus pensamentos: havia prometido a mim mesmo que nunca mais me deixaria levar por uma loucura que pudesse me arrastar de volta àquele hospital. Mas como explicar que minha intenção não era apenas por mim?

- Desce! - ordenou minha mãe, ainda evitando meu olhar, como se as palavras carregassem um peso que não queria enfrentar.

Não hesitei; obedeci. Saí do carro, fechando a porta com delicadeza, sentindo a dor leve nos braços. Quando me aproximei da entrada da minha casa, percebi a porta entreaberta - um detalhe desconcertante, pois, pelo horário, meu padrasto e meu irmão não deveriam estar ali. A inquietação crescia, mas empurrei a porta, disfarçando meu medo.

- Surpresa! - A explosão de vozes eufóricas me pegou de surpresa, foi um choque vibrante que quebrou meu silêncio interior.

Um cartaz de "Seja Bem-Vindo de Novo" decorava a parede, e abaixo dele estavam amigos e familiares, todos prontos para me receber. Lúcio segurava um bolo enorme com meu rosto desenhado, enquanto Yuri, sentado no sofá, exibia um sorriso contagiante. Aline iluminava o ambiente com sua alegria, ao lado de Marcos, que mal conseguia conter os risos. Ana estava próxima a Lúcio, segurando uma de suas mãos, enquanto Camila, em um momento de hesitação, esboçou um sorriso tímido. Tias, tios e primos também estavam presentes; Gustavo brincava com alguns deles.

- Eu sou péssima em guardar segredos! Não sei quanto tempo iria aguentar! - minha mãe comenta ao meu lado, com um sorriso malicioso em sua face.

- Por isso você estava estranha? - pergunto, ainda surpreso com a revelação.

- Minha cara de "não faça perguntas" te pegou direitinho! - ela ri, e sua alegria contagiante alivia a tensão que eu nem sabia que carregava.

Enquanto observava os festeiros que se aglomeravam em minha casa, cada um deles me recebia com um abraço caloroso. Lúcio, com um olhar sério, fixou-se no enorme bolo em suas mãos antes de se aproximar de mim.

- Algum problema? - indaguei, intrigado.

- Eu não tenho coragem de comer a sua cara! - ele respondeu, provocando risadas em todos os presentes.

Quem teria a ideia de desenhar meu rosto em um bolo? Não era difícil adivinhar.

- Então vamos logo, porque eu só vim para comer! - Alice começou a revirar os pratos de plástico em cima da mesa, ansiosa.

O peso das palavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora