8 - O peso de ouvir a verdade

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Sigo meu caminho até a praça do bairro em uma bela tarde de domingo, minha mãe está muito ocupada no salão então fiquei responsável por cuidar do Gustavo, já que meu padrasto acabou tendo que trabalhar

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Sigo meu caminho até a praça do bairro em uma bela tarde de domingo, minha mãe está muito ocupada no salão então fiquei responsável por cuidar do Gustavo, já que meu padrasto acabou tendo que trabalhar.

- Rafa! – Ouço a voz de Lúcio assim que chegamos, o convidei para que eu não ficasse sozinho enquanto meu irmão se divertia com as outras crianças

- Obrigado por vir!

- Eu iria ficar o dia todo sem fazer nada mesmo! – Ele me recebe com um sorriso – O que o Gustavo quer fazer primeiro?

Meu irmão corre para perto de outras crianças assim que as vê, deixando Lúcio com cara de taxo

- Eu nunca fui bom com crianças mesmo! – Diz ao se sentar no banco da praça, cabisbaixo

O observo atentamente, ele parece diferente, a típica feição de alguém que está escondendo algo e quer que perguntem o que houve.

- O que houve?

- Eu conheci uma garota, quer dizer, não conheci mas conheço embora eu não conheça!

A resposta só me deixou mais confuso

- Desculpa... – Ele continuou – A representante da turma.

A imagem de Ana se forma em minha cabeça, não a Ana do ensino médio com quem eu nunca troquei uma palavra mas a Ana do fundamental, a única aluna que escolheu acolher a Camila e aprender a linguagem de sinais.

- Ela é uma boa pessoa! – Respondo – Mas nunca te vi falar com ninguém da turma, a não ser eu, é claro!

- Esse é o problema, eu nunca vou ser notado por ninguém, principalmente por alguém como ela!

- Eu preciso falar com ela amanhã na aula, quer vir comigo?

Lúcio paralisa e vira a cabeça lentamente até que seus olhos assustados encontrem os meus confusos

- Você ficou maluco? Ela vai me negar de diversas formas diferentes!

- Você nem conhece ela, vai ser só uma conversa, não um pedido de casamento!

- Mesmo assim! – Ele se levanta de súbito, gesticulando enquanto grita – Você acha que alguém no nível dela vai dar atenção a pessoas excluídas que nem nós dois?

- Ela senta três cadeiras na nossa frente, não é como se ela fosse uma superestrela ou uma deusa! – O encaro ainda confuso – Eu preciso mesmo falar com ela, acho que como representante ela pode e deve me ouvir, mesmo que o assunto não tenha nada a ver com a turma! Preciso perguntar se ela lembra das coisas que eu fiz cinco anos atrás e se ela quer ver a Camila, achei o jeito que ela saiu da escolha tão estranho.

- Vocês estavam excluindo a Camila, né? Talvez ela tenha se sentido pressionada e a única forma que ela encontrou de não magoar nenhum dos lados, foi escolhendo nenhum.

O peso das palavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora