- Me dá um Y... Me dá um U... Me dá um R... Me dá um I... - Repetíamos os movimentos extravagantes de Lúcio - O que isso forma?
- Yuri! - Todos gritávamos em uníssono
Era dia da final do futsal interescolar, o time da nossa escola jogava contra o time da antiga escola do Yuri e é claro que nosso amigo estava em quadra com todo o apoio da nossa torcida. O 1x1 se destaca no enorme quadro negro que fica do outro lado da quadra.
- Destrói eles! - Aline não economizava sua voz ao meu lado direito
Em meu lado esquerdo estava Camila que estava tão animada quanto todos nós, e por mais que eu tentasse me segurar para não direcionar meu olhar para ela, vez ou outra, eu me encontrava perdido no quanto sua animação torna-se contagiante. Preciso segurar a vontade de vibrar com ela pois sua mãe, Celina, está atrás da gente sempre nos encarando que nem um policial prestes a prender seu primeiro criminoso.
- Vai, Yuri! - Camila gritava
Lúcio e Ana estavam do lado de Camila, bem animadinhos e próximos se é que conseguem me entender, ambos não se importavam de parecer extravagantes em meio a todos os outros da torcida, e de vez em quando o Lúcio soltava uns xingamentos para o pessoal da outra escola e Ana fazia o mesmo quando os outros jogadores iam para cima de Yuri sem motivo nenhum , o que acontecera diversas vezes.
Marcos se encontrava atrás de todos nós, ao lado de Celina, ele parecia bem focado no jogo. Na verdade, ele estava marcando os rostos de todos da outra escola que provocavam Yuri, talvez estivesse umas pegadinhas que colocaria em prática mais tarde.
- Nós só chegamos até aqui graças ao Yuri! - Ouvi o capitão do time gritar para os oponentes antes de avançar contra eles. Parece que estava rolando uma discussão.
Os demais jogadores logo se colocam a frente do capitão, o impedindo de acabar sendo expulso da quadra. Percebo que Yuri logo conversa com ele, talvez estivessem bolando uma jogada épica, eu não entendo de futebol então não sei dizer.
O capitão do time consegue tomar a bola de um dos oponentes com maestria e avança para o gol em alta velocidade com outros dois jogadores em seu encalço, Yuri também tenta avançar mas logo de vê no chão, um dos oponentes havia o empurrado.
O som do apito do juiz logo reverbera por toda a quadra, interrompendo o avanço do capitão que logo volta o seu olhar para o estado de Yuri.
- Filhos da puta! - Ouço Lúcio gritar - Se fosse pra lutar você não teria bola, seus desgraçados!
Assim que Yuri se levantou, todos da arquibancada puderam ver o mesmo que o capitão, sangue escorria pela testa de nosso amigo, o que me fez, por reflexo, cerrar meus punhos em ódio. A vontade de invadir a quadra e sair no soco com aqueles desgraçados tomava conta do meu ser, mas o avanço de uma certa pessoa me fez paralisar.
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O peso das palavras
RomanceRafael, um garoto popular do ensino fundamental, praticava bullying contra Camila, uma garota surda, causando-lhe tanto sofrimento que ela foi obrigada a deixar a escola. Contudo, o destino reserva reviravoltas inesperadas para Rafael. Agora, ele en...