Rafael, um garoto popular do ensino fundamental, praticava bullying contra Camila, uma garota surda, causando-lhe tanto sofrimento que ela foi obrigada a deixar a escola. Contudo, o destino reserva reviravoltas inesperadas para Rafael. Agora, ele en...
Ela simplesmente corre. Consigo entender o motivo, afinal, corri da última vez que nos vimos. Mas por que isso me machuca tanto?
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Estou no salão de beleza da minha mãe, localizado em frente à nossa casa. O estabelecimento é dividido ao meio por uma parede, onde minha mãe atende clientes mulheres de um lado, enquanto eu cuido dos clientes homens do outro. Não costumo me gabar, mas sou confiante nos cortes que faço.
Hoje é o jogo de estreia do Brasil na Copa do Mundo deste ano, o que significa menos clientes para mim. Ouvindo alguém entrar...
Lúcio adentra o local com o rosto pintado, metade amarelo e metade verde, vestindo uma camisa amarela clássica.
- Tudo pronto, Rafa? – Ele pergunta, tirando um apito do bolso e soprando com força.
- Não exagerou um pouco? – Analiso seu visual.
- É o primeiro jogo que vamos assistir juntos, é um momento memorável, melhor amigo! – Ele justifica.
- Pare com esse barulho irritante, nem de futebol você gosta!
- E você também, mas é a Copa do Mundo. Vamos fingir gostar e esperar mais quatro anos! – Ele responde, analisando seus cabelos no espelho.
Concordo com um balançar de cabeça.
- E a garota de ontem? Não a encontrou no Facebook?
- Já tentei até mesmo antes de encontrá-la, mas nunca achei nem um resquício dela!
- Mas sabemos que ela estuda no Colégio Nascimento de Moraes. Devemos procurar lá amanhã?
- Eu vou parecer desesperado! – Digo enquanto fecho o salão, seguido por Lúcio.
- Você é um desesperado! – Ele sorri.
Caminhamos para fora, observando os vizinhos preparando churrascos e colocando as TVs para fora. Era dia de Brasil contra Croácia.
- Vamos, meninos! – Minha mãe prepara o quarto balde de pipoca.
Meu padrasto entra na sala falando ao telefone com Gustavo em seus braços. Meu irmão, vestindo uma camisa verde com linhas amarelas e verdes nas bochechas, está animado para o jogo.
- Sim... 3x1 para o Brasil, apostei cem reais nisso. Nos falamos depois do jogo! – Ele desliga e olha para Lúcio – Pode levar o Gustavo lá para fora um instante?
- Sim, senhor! – Lúcio pega Gustavo no colo e se dirige à saída.
Minha mãe e meu padrasto me encaram. Ouço um suspiro.
- Tinha quase seis mil reais nas minhas coisas e o calendário do seu quarto estava marcado até o dia de ontem, o que significa isso?
- Tinha que retribuir de algum jeito tudo o que fizeram por mim, e o calendário... bem, ele já estava velho... – Falo cabisbaixo.