14 - A leveza da admiração

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Repouso em uma das cadeiras de plástico do imenso hospital, a sensação de um frio incômodo se espalha por meu corpo

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Repouso em uma das cadeiras de plástico do imenso hospital, a sensação de um frio incômodo se espalha por meu corpo. Minhas mãos suadas se entrelaçam, tentando encontrar um pouco de conforto. Engulo seco, enquanto a imagem de Yuri caído no chão, completamente ensanguentado, persiste em minha mente como uma pintura trágica.

— ... tu... em... Ca.. la... ei... — Ouço as vibrações familiares no meu aparelho auditivo. É a voz embargada de meu irmão. Olho para ele, e o vejo tentando captar minha atenção. Ele rapidamente começa a fazer sinais com as mãos. — Não quer ir para casa?

Nego com um balançar de cabeça, observando que a luz da lua começa a iluminar o hospital. Lúcio já está dormindo em um canto próximo, sua respiração estava tranquila contrastando com a tensão do ambiente. Ana está sentada à mesa, concentrada em seu caderno, rabiscando furiosamente. Imagino que a mãe de Rafael ainda esteja com ele no quarto, onde ele permanece inconsciente.

— Nossa mãe está preocupada! — Meu irmão me mostra uma mensagem em seu telefone. — Vou explicar do meu jeito o que está acontecendo.

Eu sei que ele vai mentir. Vejo-o pegar algumas coisas e se dirigir apressado para a saída. Seus passos rápidos e a forma como ele olha para trás mostram a urgência da situação. Ele percebe que não consegue me convencer a sair daqui.

— Tem certeza que não quer ir com ele? — Ana pergunta, gesticulando ao meu lado.

Afirmo com um balançar de cabeça, tentando esconder a inquietação.

— O que tem nesse seu caderno? — Pergunto, não conseguindo disfarçar minha curiosidade.

— Eu tenho um admirador secreto! — Ela escreve no caderno com uma expressão entusiasmada. — Estou tentando descobrir quem é. Aqui estão todas as pistas!

O caderno revela apenas algumas anotações:

"Ele gosta das minhas histórias de romance!"
"Ele é alto!"
"Ele me conhece bem!"

— Parece um perseguidor! — Sinalizo, fazendo uma careta.

— Ele me liga algumas vezes na semana e nós conversamos por horas! — Ela continua escrevendo, com um olhar sonhador. — Mas não tem foto no perfil do Facebook dele!

— Se ele te conhece e você ouve a voz dele, não já deveria saber quem é?

— É uma voz estridente, não consigo identificar!

— Ele usa algo para mudar a voz? — Pergunto, tentando entender melhor.

Ela balança a cabeça afirmativamente, demonstrando que sim.

— Mas não se preocupe! — Ela sinaliza com um sorriso tranquilo. — Eu não vou tentar me encontrar com ele pessoalmente nem enviar fotos. Minhas tias já me deram muitas advertências!

Coloco a mão em seu ombro, num gesto de apoio.

— Se precisar de ajuda, estarei aqui! — Sorrio para ela. Então, volto a escrever. — Então, como se conheceram?

O peso das palavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora