5 - O peso de uma decisão

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Acordo mais cedo que o normal, hoje é o grande dia

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Acordo mais cedo que o normal, hoje é o grande dia.

Meu padrasto acabou salvando o Lúcio e eu, e deu um belo esporro no Gabriel. Acho que ele nunca mais vai nos atormentar, caso contrário, o Augusto vai caçá-lo até os confins do inferno. Não que eu me importe muito, já que eu morro hoje.

Assim que termino de me arrumar, pego um envelope de dinheiro que havia escondido debaixo do meu colchão. Tem quase seis mil reais contidos ali, valor que fiquei guardando trabalhando no salão de minha mãe. Antes de acabar com tudo, eu deveria pagar todos os aparelhos auditivos.

Antes de sair de casa, coloco o envelope dentro de uma das gavetas no quarto dela. Também dou um beijo na testa de meu irmão, por fim, risco todos os dias restantes do calendário.

Caminhando pelas ruas, vejo algumas pessoas praticando exercícios na pracinha, vários velhinhos bem sorridentes e outros bem fofoqueiros.

- Licença! – Um dos idosos se aproxima de mim – Foi você quem me vendeu aquela goiabada outro dia, não foi?

- Sim, senhor! – Respondo.

- Não teria um pouco mais com você? As goiabadas do supermercado são puro açúcar e a sua nem parece tão doce, são ótimas!

- Tenho um pote aqui! – Pretendia dar o pote para o Lúcio, mas acho que ele se contentará com um lanche.

- Espero comprar muito mais! – O idoso começa a revirar os bolsos à procura de dinheiro.

- É por conta da casa! – Respondo com um sorriso enquanto fechava a bolsa.

- Ah, obrigado. Qual o seu nome, jovem?

- Rafael!

- Lindo nome, continue sendo essa pessoa boa e viva muito, tá?

Respondo com um sorriso forçado, vendo o idoso seguir seu caminho. Parece até que são sinais do universo falando para eu parar com esses pensamentos. Sinto muito, mas é minha decisão. O mundo vai ser melhor se eu não estiver por aqui.

Pessoa boa? Aquele idoso não sabe de nada, se ele soubesse de tudo o que eu fiz no passado, não me trataria tão bem, não é?

Continuo minha caminhada até a escola. Passo cautelosamente pela ponte da cidade. Eu deveria voltar ali mais tarde, pois era o lugar onde encontrarei meu fim. Passo também por uma espécie de canil, diferente dos que já vi. O canil é ao ar livre, os cachorros não estão em gaiolas, e sim livres em um grande cercado.

- Interessado em adotar um amigo? – Uma velhinha me olha com um sorriso – São totalmente de graça e vacinados.

- Não tenho espaço, nem tempo! – Respondo desanimado – Por que você está ao ar livre? Onde eles dormem?

- É a primeira vez que vem para esse canto da cidade? – Confirmo com um balançar de cabeça – Pois bem, tem um galpão ao fundo onde eles dormem. Minha neta está cuidando de um cachorro doente por lá. Se não quiser adotar, pode pegar um cachorro para passear e devolver quando quiser, eles são terapêuticos.

O peso das palavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora