23 - O peso de se desculpar

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Caminhava pela rua, tentando controlar minha respiração que parecia um ventilador em alta potência

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Caminhava pela rua, tentando controlar minha respiração que parecia um ventilador em alta potência. Não era todo dia que eu me aventurava pelo bairro mais chique da cidade. Visitar a casa do Lúcio sempre me fazia lembrar o quão longe eu estava da categoria "rico".

Estendi meu dedo indicador e pressionei o botão da campainha daquela mansão colossal. O som ecoou alto. Pouco depois, passos apressados se aproximaram da porta. Uma mulher de baixa estatura a abriu com delicadeza, vestida como uma típica empregada. Estranho, porque da última vez que estive aqui não havia nenhum empregado.

- Ah, você deve ser o Rafael! - Ela disse, analisando-me com um olhar rápido. - Um garoto de pele parda, cabelos pretos e olhos castanhos, uns 1,70 de altura e roupas que só um mauricinho usaria!

Fiquei paralisado diante dessa descrição precisa, mas nunca mencionei minha altura para o Lúcio, pelo menos eu acho.

- Eu preciso falar com ele. - consegui dizer com a voz um tanto reprimida.

- Se quisesse falar comigo, teria respondido às minhas mensagens nos últimos dias! - ela respondeu, apontando o indicador esquerdo enquanto a mão direita repousava na cintura, balançando-o de um lado para o outro. - Foi isso que ele me mandou dizer, caso você aparecesse.

- Eu sei que fui um idiota...

- Peço desculpas, senhor Rafael, mas o senhor Lúcio me instruiu a fazer isso se você insistisse! - interrompeu.

Ela fecha a porta na minha cara.

- Me desculpe mesmo! - sua voz ecoou pelo corredor enquanto se afastava.

Bem, pelo menos eu sabia agora que minha altura não era segredo para ninguém nesta mansão.

Lúcio me conhecia bem o suficiente para saber que eu não desistiria facilmente. Depois de ponderar sobre meus próximos passos, comecei a pressionar a campainha várias vezes, até perceber que o som já não saía. Devem ter desligado.

Você não me deixou escolha, Lulu.

Comecei a analisar a portaria minuciosamente. Os altos muros impediam qualquer acesso direto ao jardim da frente, além da cerca elétrica com fios tão grossos que davam até medo de tocar. E se eu escalasse o muro sem encostar na cerca elétrica?

Circulei a casa, mantendo o olhar fixo no topo do muro. Sem muitas opções, decidi arriscar um pulo direto na piscina que ficava nos fundos. Claro, eu não estou exatamente calculando meu risco de morte.

Com a ajuda de alguns caixotes encontrados na rua dos fundos, subo o suficiente para alcançar uma pequena rachadura. Com um impulso, agarro a parte de cima do muro, bem próximo da cerca elétrica. Estava desafiando a morte e rindo na cara dela.

De repente, percebi que não tinha planejado muito bem o que fazer em seguida. Pensei que poderia pular diretamente para o outro lado, mas fui precipitado. Isso não significa que eu desistiria.

O peso das palavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora